sábado, novembro 23, 2013

Comentários Eleison: Primeiro a Fé

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXXXII – (332) – (23 de novembro de 2013): 


PRIMEIRO A FÉ

            A grande lição deixada por Monsenhor Lefebvre (1905-1991) para os católicos que tinham ouvidos para ouvir foi a de que a fé é mais importante que a obediência. A triste lição que nós temos aprendido é que a obediência vem tendo prioridade sobre a fé. Estes “Comentários”, continuamente compelidos pela confusão atual na Igreja, no mundo e na Fraternidade Sacerdotal São Pio X, a fim de que retomem seus princípios, têm frequentemente tentado explicar por que a fé deve ter prioridade.

            Tomem como exemplo os argumentos de um honorável padre da FSSPX que recentemente me enviou um e-mail acusando-me de avaliar equivocadamente o presente estado da FSSPX. Minha resistência à – como eu a chamo – Neo-Fraternidade, diz ele, 1) tem motivações demasiadamente pessoais, 2) não leva em conta o bem da Igreja, 3) é inconsistente com as posições que eu tomei anteriormente, 4) carece do realismo católico, 5) é contra a indefectibilidade da Igreja, 6) é para que cada homem seja seu próprio Papa, 7) é para uma visão modernista da Igreja, 8) é protestante, 9) é contra a união com Roma e, finalmente, 10) distancia as almas da Igreja.

            Agora, eu não sou Monsenhor Lefebvre e não pretendo sê-lo, mas meu colega percebe que ele poderia ter aplicado todos esses argumentos (exceto o terceiro) há trinta anos atrás à resistência de Monsenhor às autoridades da Igreja oficial em Roma? A resistência de Monsenhor era então 1) motivada apenas pela necessidade urgente de defesa da fé, 2) pelo bem da Igreja Universal, 4) de um modo completamente realista (como os frutos católicos de sua Fraternidade o provaram), 5) comprovadora, e não desaprovadora, por sua resistência, da indefectibilidade da Igreja, 6) para que a Igreja de todos os tempos fosse a medida dos Papas, 7) contra todas as loucuras do neo-modernismo, 8) contra a renovação do protestantismo por parte do modernismo, 9) pela união com a Roma Católica de todos os tempos e, finalmente, 10) ajudar muitas almas verdadeiramente católicas a manterem a fé ao invés de perdê-la.

            E o que justificou a resistência de Monsenhor naquele momento? O que provou que ele não era, apesar das aparências, um rebelde como Lutero, mas um verdadeiro católico e um grande servo da Igreja? Sua doutrina, sua doutrina, sua doutrina! Ao contrário de Lutero, que supriu da missa os ensinamentos católicos, Monsenhor afirmou todos eles. Foi em nome da doutrina da fé que Monsenhor assumiu sua posição contra os Papas conciliares e as autoridades da Igreja que estavam minando as bases da doutrina pela renovação e adoção dos temíveis erros do modernismo.

            Então o que justifica agora uma certa resistência à liderança da FSSPX? Como podem aqueles que resistem alegar que sejam verdadeiros servos da FSSPX? Doutrina, doutrina, doutrina! A declaração de meados de abril de 2012 foi a prova de uma pavorosa deficiência doutrinal no topo da FSSPX, e ainda que a Declaração tivesse sido retirada, seu conteúdo não foi retratado, mas defendido, como sendo, por exemplo, “um tanto sutil”! Nenhum dos documentos oficiais da Fraternidade, o de 14 de julho de 2012, e o de 27 de junho de 2013, desfizeram propriamente o dano. A prova é que a política governante do QG da FSSPX não mudou. Caro colega, sua própria Fraternidade foi fundada pondo-se a fé antes da aparente obediência, e agora o senhor quer defender a Fraternidade priorizando a aparente obediência à Fraternidade em detrimento da fé? Estude os documentos e observe as ações!

Kyrie eleison.

P.S. Em tempo, se alguém tiver a coleção completa de traduções destes “Comentários” em espanhol ou francês desde que elas começaram a aparecer, por volta dos EC 100, peço que, por favor, nos diga.