quinta-feira, dezembro 24, 2015

Comentários Eleison: O Messias que está por vir

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDXL (440) - (19 de dezembro de 2015):

O MESSIAS QUE ESTÁ POR VIR

O Salvador do mundo em fria palha jaz
Grande Deus, não admitais que o firamos, nunca mais!

Que contraste há entre a cena de um Natal de hoje nas outrora nações cristãs e as profecias sobre a vinda do Messias que estão dispersas pelo Antigo Testamento! É o contraste entre o começo e o fim dessas nações. Foi a vinda de Cristo, preparada pelos judeus por dois mil anos, que através de Sua Igreja forjou essas nações (gentias) para retomar o serviço de Deus quando os judeus misteriosamente escolheram abandoná-lo. Atualmente encerra-se o tempo dessas nações, porque elas estão agora, por sua vez, abandonando Deus. Relembremos a glória e a infinita grandeza da missão do Messias, e quão sério é virar as costas a ele, por meio de uma seleção aleatória entre centenas de citações messiânicas no Antigo Testamento: —
1. Davi (1000 A.C.) – O Messias seria repudiado pelos judeus (Sl. XXI, 7-8). Ele converteria os gentios (Sl. XXI,28). Ele seria traído por um discípulo (Sl. XL,10). Seria escarnecido em Sua agonia (Sl. XXI,7–9). Seus inimigos perfurariam Suas mãos e Seus pés, e tirariam a sorte por sua túnica (Sl. XXI, 17,19); Eles lhe dariam vinagre para beber (Sl. LXVIII,22).
2. Isaías (720 B.C.) – O Messias converteria as nações (II, 2–3). Ele nasceria de uma virgem (VII, 14). Ele seria adorado como menino por reis (IX, 6–7). Ele teria um precursor; o precursor prepararia as pessoas para Ele (XL, 3–4). Ele seria a própria mansidão (XLII, 1–3). Ele seria um homem de tristezas (LIII, 3). Ele daria Sua vida para expiar nossos pecados (LIII, 5). Ele nunca se queixaria (LIII, 7). Ele seria contado entre os criminosos (LIII, 12). Ele reinaria sobre o mundo (LV, 5). Sua Igreja, Sua Esposa, lhe daria uma multidão de filhos (LXVI, 18–23).
3. Oséias (600 B.C.) – O Messias retornaria do Egito por ordem de Seu Pai (XI, 1). Ele converteria as nações (II, 19–24). Os judeus seriam disperses pelo mundo por terem negado-o (IX, 17).
4. Miquéias (600 B.C.) – O Messias nasceria em Belém e seria, ao mesmo tempo, Deus e Homem (V, 2). Ele converteria as nações (IV, 2–3). Ele seria nossa reconciliação (VII, 18–20).
5. Joel (600 B.C.) – O Messias enviaria o Espírito Santo sobre Sua Igreja e os fiéis profetizariam (II, 28–29). O Messias viria julgar o mundo com Poder (III, 2).
6. Jeremias (600 B.C.) – O nascimento do Messias seria conhecido pelo massacre dos inocentes, pelos quais suas mães chorariam (XXXI, 18). Ele converteria as nações e estabeleceria uma nova aliança com as pessoas, mais perfeita que a primeira (XXXI, 31–34).
7. Ezequiel (580 B.C.) – O Messias seria da raça de Davi (XVII, 22). Ele receberia a coroa da casa real de Davi (XXI, 27).
8. Daniel (500 B.C.) – O Messias viria em 490 anos a partir do decreto para a reconstrução de Jerusalém, depois do cativeiro da Babilônia; Ele restabeleceria o reino da virtude; Ele seria negado pelos judeus e condenado à morte; o tempo e a cidade de Jerusalém seriam destruídos; os judeus estariam em estado de desolação até o fim dos tempos (IX, 24–27).
Ler novamente estas citações é relembrar o quão inseparável o Messias estava de sua gente, os judeus, e ainda como estes se separaram dele desde então. Por ele, Deus elevou um novo povo, escolhido pela fé em vez da raça, e agora este povo também está chafurdando no materialismo. Senhor, concede-nos nesta época do ano relembrarmos como Ele mudou o mundo, e como, sem Ele, o mundo está catastroficamente retrocedendo.
Kyrie eleison.

Comentários Eleison: Explosão de Beethoven

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDXXXIII (439) - (12 de dezembro de 2015):

EXPLOSÃO DE BEETHOVEN

À música de hoje, superior Beethoven sempre será.
Suas sonatas, um jovem homem executará.

Daqui a dois meses, desde as 18h de sexta-feira de 19 de fevereiro até o meio-dia do dia 21, ocorrerá aqui em Broadstairs, durante três dias, uma explosão da música de Beethoven. Um jovem pianista americano, que pode ler a prima vista qualquer uma de suas 32 sonatas para piano, e que ama todas, estará atravessando o Atlântico para tocar algumas delas para nós; mas ainda não sabemos quais.
Sem dúvida, ele executará as três grandes favoritas, a Sonata Patética, a Sonata ao Luar e a Appassionata, além da Waldstein; mas haverá tempo para analisar e apresentar muitas outras. Por hora, não haverá um programa fixo para os três dias. Haverá lugar para muitas perguntas, discussões e improvisações. Um bispo também contribuirá, com alguma profundidade, na análise de seu compositor favorito. O propósito deste fim de semana é que os participantes levem consigo uma compreensão que podem não ter tido antes sobre o funcionamento da música clássica e o que torna Beethoven, em particular, um de seus mais famosos compositores.
Mas, alguém objetará: o que a música, especialmente a música revolucionária, tem que ver com a defesa e a propagação da fé católica? A resposta aqui tem de ser breve. Em primeiro lugar, que ninguém despreze a música. Ambos, a Igreja Católica e o Demônio estão perfeitamente atentos ao fato de que ela é uma linguagem singularmente capaz de expressar e de moldar o que se passa na alma humana e, então, de influenciar a direção que ela toma, seja para o Céu (canto gregoriano), seja para o Inferno (as vítimas dos recentes tiroteios em Paris não estavam justamente tomando parte em uma canção de rock que invocava o Demônio?). Quase todo ser humano tem uma ou outra música em sua alma, e essa música normalmente está profundamente arraigada, para o bem ou para o mal. Não seria exagero dizer que se um homem não tem em si a música de sua religião, ele terá em si a religião de sua música, por exemplo, a do Demônio. Os católicos que compreendem que a música que amam não vai muito além do pop ou do rock, poderiam aproveitar bem a oportunidade para entender a música clássica, via uma estudiosa explosão de Beethoven.
Bem, é verdade que há uma grande quantidade de músicas mais elevadas que a de Beethoven. Ele nasceu sob a Antiga Ordem, 19 anos antes da Revolução Francesa explodir em 1789, mas morreu 57 anos depois, quando a época revolucionária moderna estava bem encaminhada, em 1827, de modo que sua vida escarranchou aquela tremenda agitação, que ele expressou musicalmente em um número de suas obras-primas, notavelmente na Sonata Appassionata e em sua Sinfonia Eroica, originalmente dedicada ao herói da Revolução, Napoleão Bonaparte. Entretanto, enquanto a relativa serenidade de suas obras-primas musicais anteriores à Revolução está livre de sua agitação e distúrbio romântico, ao mesmo tempo está mais afastada do mundo de hoje, marinado na Revolução. Assim, Beethoven pode falar às almas de hoje que encontram pouco ou nenhum interesse na música dos mestres anteriores a ele. Tampouco é Beethoven somente revolucionário. O poder único de suas mais amadas obras-primas deriva de seu vinho romântico, que está contido e organizado dentro da pele clássica que ele herdou de Haydn e Mozart.
Para termos uma ideia sobre os números, por favor, deixem-nos saber se planejam assistir ao fim de semana de Beethoven. Fora de estação, as pensões locais devem ter muitos quartos para passar a noite. Se os leitores masculinos preferirem algo mais diretamente católico, inscrevam-se o mais rápido possível nos Exercícios Inacianos que serão dados pelo Padre Abraham e por mim, entre as 18h do dia 26 de dezembro às 18h do dia 31 de dezembro.

Kyrie eleison.

sábado, dezembro 05, 2015

Comentários Eleison: Novus Ordo Missae - III

Comentários Eleison - por Dom Williamson

CDXXXVIII (438) - (05 de dezembro de 2015):


NOVUS ORDO MISSAE – III


Católicos, reconheçam, com generosidade no coração,
Que Deus pretende salvar muitas almas que estão fora da “Tradição”.


Se a evidência dos milagres eucarísticos ocorridos dentro da Igreja do Novus Ordo (veja EC 436 e 437) é tão séria quanto parece, então os católicos têm de conformar suas mentes à mente de Deus, e não o inverso. Os católicos que estão aderindo à tradição têm uma necessidade especial de pensar no que Deus quis dizer através dos milagres, porque eles não compreenderão facilmente isto, sabendo o quão repugnante deve ser em si mesmo o Novus Ordo da Missa (NOM) para Ele.

Por séculos Deus tem feito tais milagres. A razão primeira sempre tem sido aumentar a fé dos católicos numa verdade de Fé difícil de ser crida, mas muito próxima do Coração de Deus. O fato de que Deus mesmo toma o lugar de sua substância, depois da consagração do pão e do vinho na Missa, é uma ocorrência tão fora do curso normal da natureza, que essa invenção do amor de Deus, de querer dar-se como comida e bebida a suas ovelhas, pode ser prática, mas parece também inacreditável. Então, em relação ao tempo e ao espaço, Deus forjou milagres visíveis em forma para ajudar as almas incrédulas a acreditar. Uma razão secundária para esses milagres, especialmente onde tenha havido alguma profanação ou outra da Sagrada Eucaristia, é lembrar os católicos do sagrado tratamento e adoração sempre devida às humildes aparências sob as quais Deus esconde Si mesmo.

Ambas as razões se aplicam hoje, momento em que o NOM tem severamente diminuído o sentido da Real Presença sem necessariamente anulá-la (veja EC 437). Quem pode negar que o rito do NOM e suas práticas durante a Igreja do Novus Ordo, por exemplo, a comunhão na mão, têm levado inumeráveis católicos ao caminho da descrença na Real Presença, e incontáveis padres em direção à falta de respeito no tratamento à Sagrada Eucaristia? Quem pode negar que tanto a descrença quanto o desrespeito têm crescido enormemente desde que o NOM foi introduzido em 1969? Humanamente falando, o espanto não é que tenham ocorrido milagres no âmbito do NOM, mas que não tenham ocorrido muitos mais. Em todo caso, Deus sabe o que é melhor.

Entretanto, esses milagres – assumindo sempre que são autênticos – guardam lições para os católicos da tradição que têm, em parte, recuado em relação ao quadro do Novus Ordo. A lição mais óbvia é que nem todas as missas do Novus Ordo são inválidas, assim como nem todas as sagração episcopais e ordenações sacerdotais, como os “tradicionalistas” podem ser tentados a pensar. Isso acontece certamente porque desde os anos sessenta, uma leva de ovelhas católicas se tornou mundana demais e mereceu que se mantivesse o novo rito da Missa; mas amou-a o suficiente para não perdê-la completamente. O NOM pode ter sido permitido por Deus para tornar mais fácil para os católicos perderem a fé se eles quiserem, mas não impossível mantê-la se isto desejarem.

Assim, o NOM e a Igreja do Novus Ordo como um todo são perigosos para a fé, e estão certos os católicos que se agarraram à Tradição para evitar o perigo. Mas, ao passo que tiveram de manter distância entre si e a Igreja convencional, tiveram de expor-se ao perigo oposto, o do isolamento que leva ao sectarismo e até mesmo ao espírito farisaico, desconectado da realidade. Há verdadeiros sacramentos no Novus Ordo e verdadeiros católicos, dos quais Deus cuida, e os “tradicionalistas” deveriam estar felizes por isto. Não deixem que esse isolamento faça com que eles se sintam obrigados a negar que restou algo de católico no Novus Ordo. Isso é irreal, e o pêndulo da realidade oscilará, tal como a liderança da FSSPX, que presentemente nega a existência da necessidade de isolamento da Igreja convencional. Não. A Tradição ainda precisa de isolamento, mas também de um espírito generoso, e não isolacionista.

Kyrie eleison.