quarta-feira, abril 27, 2016

Doação para o Mosteiro da Santa Cruz

 Os preceitos tratam de atos de virtude, dar esmola será obrigatório na medida em que este ato for necessário para a virtude, isto é, enquanto a reta razão o exige. Ora, isso implica duas ordens de considerações, relativamente ao que dá e ao que recebe a esmola. Do lado do doador, deve-se levar em conta que as esmolas hão de ser feitas do seu supérfluo, como está no Evangelho de Lucas: “Dai esmola do que vos é supérfluo” (11, 41). Chamo supérfluo não só o que sobra das necessidades do doador, mas também das demais pessoas dele dependentes. Com efeito, cada um deverá primeiramente prover às suas necessidades próprias e às dos seus dependentes (neste caso fala-se do que é necessário à pessoa, sendo que este vocábulo implica a dignidade). Depois, com o que sobrar, as necessidades dos outros devem ser socorridas. É assim que faz a natureza: primeiro cuida, por meio da virtude nutritiva, do que é necessário para sustentar o próprio corpo; depois, pela virtude da geração, dispende o supérfluo para gerar um outro ser. 

 Do lado do beneficiário, requer-se que ele esteja na necessidade, sem o que a esmola não teria razão de ser. Mas como é impossível a cada um socorrer a todos os que padecem necessidade, o preceito não impõe que se faça esmola em todos os casos de necessidade, mas somente a necessidade que não pode ser socorrida de outro modo. Aplica-se aqui a palavra de Ambrósio: “Dá de comer ao que morre de fome; se não o fizeres, matá-lo-ás”.

 Concluindo, eis o que é de preceito: dar esmola do supérfluo ao que passa por extrema necessidade. Fora dessas condições, dar esmola é um conselho, igual aos conselhos que se dão para buscarmos um bem melhor.
Quanto às objeções iniciais, deve-se dizer que:
1. Daniel dirigia-se a um rei que não estava sujeito à lei de Deus. Por isso, o que estava prescrito por essa lei, que ele não reconhecia, não lhe devia ser proposto senão sob forma de conselho. Ou, como se diz, trata-se de um caso em que a esmola não é de preceito.
2. Deve-se dizer que o homem tem a propriedade dos bens temporais que de Deus recebeu. Quanto ao uso, porém, eles não lhe pertencem unicamente, mas igualmente aos outros, que podem ser socorridos pelo seu supérfluo. É o que ensina Basílio: “Se confessas ter recebido de Deus estes bens (isto é, os bens temporais), deveria Deus ser acusado de injustiça por os ter repartido desigualmente? Por que tu vives na abundância, e o outro condenado a mendigar, senão para que tu ganhes os méritos de uma boa administração, e ele, a recompensa da paciência? É do faminto o pão que reténs; do nu a roupa que conservas no armário; do descalço o calçado que se estraga em teu depósito; do indigente a prata que possuis em custódia. Por isso, tuas injustiças são tão numerosas quanto os dons que poderias conceder”. O mesmo ensinou Ambrósio.
3. Se pode determinar um certo tempo dentro do qual peca mortalmente quem não praticar a esmola. Do lado do beneficiário, a esmola deve-lhe ser feita quando for de uma evidente e urgente necessidade, sem aparecer quem de pronto o socorra. Do lado do doador, quando possui um supérfluo que, segundo todas as previsões, presentemente não lhe será necessário. Não é forçoso fixar-se em considerações sobre tudo o que poderia ocorrer no futuro: seria “preocupar-se com o dia de amanhã” (Mt 6, 84), que o Senhor proíbe. Assim, o supérfluo e o necessário devem ser apreciados segundo as circunstâncias prováveis e mais comuns.
4. Todo socorro prestado ao próximo se reduz ao mandamento de honrar pai e mãe. Assim o interpreta o Apóstolo: “A piedade é proveitosa a tudo, pois contém a promessa da vida presente e futura” (I Ti 4, 8). Ele fala assim porque, ao preceito de honrar pai e mãe, acrescenta-se esta promessa: “para teres uma longa vida sobre a terra”. Ora, na piedade estão incluídas todas as espécies de esmolas.
Suma Teológica II-II, q.32, a.5


Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dia Santo Rosário.  

domingo, abril 24, 2016

Comentários Eleison: Declaração de Bispos – I

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDLVIII (458) - (23 de abril de 2016)

Declaração de Bispos – I

Temos um terceiro bispo da Resistência agora,
Como e por que, uma Declaração menciona.

No dia 19 de março, pouco mais de um mês atrás, Dom Tomás de Aquino foi discretamente sagrado bispo, para o benefício das almas de todo o mundo que desejam manter a verdadeira Fé católica. Assim como quando Monsenhor Faure foi consagrado, exatamente um ano antes, a cerimônia foi belamente organizada pelos monges do Mosteiro da Santa Cruz, nas montanhas por detrás do Rio de Janeiro, em sua catedral de aço, belamente decorada para a ocasião, como no ano passado. O tempo estava seco e quente, mas não muito quente. São José fez com que tudo corresse sem dificuldades. Devemos a ele um grande agradecimento.
Havia um pouco mais de gente que no ano passado, mas a maioria delas era de lugares próximos dentro do Brasil. Não houve jornalistas presentes, e o evento foi praticamente mencionado só nas fontes católicas tradicionais. Houve uma conspiração de silêncio? Houve alguma recomendação para que não se desse atenção? Não importa. O que realmente importa é o que Deus parece estar sugerindo, a saber, que a sobrevivência da Fé não requer, no momento, publicidade ou fazer-se conhecer, mas, talvez, deslizar nas sombras, das quais a Igreja pode suavemente descer às catacumbas para esperar por sua ressurreição depois que a tormenta do mundo, que promete ser humanamente terrível, seja levada a cabo.
Em todo caso, temos agora outro bispo, firmemente na linha de Monsenhor Lefebvre, e no lado oeste do Atlântico. Assim como Monsenhor Faure, ele conhecia bem o Arcebispo e era um confidente seu. Dom Tomás de Aquino nunca trabalhou com o Arcebispo diretamente dentro da FSSPX; mas, porque não era um membro da Fraternidade, o Arcebispo deve ter se sentido mais livre para compartilhar seus pensamentos e ideias com ele. Certamente ele deu ao jovem monge inestimáveis conselhos em mais de uma ocasião, os quais Dom Tomás nunca esqueceu. Os católicos que crêem não estão equivocados – houve poucas exceções à reação majoritariamente positiva pelo presente de Deus de outro verdadeiro pastor de almas.
Na época da consagração, os dois bispos consagrantes fizeram uma Declaração que não obteve ainda muita publicidade. Ela expõe em profundidade o fundamento da consagração, mostrando como este evento, aparentemente estranho, não o é em absoluto; ao contrário, é muito natural, dadas as circunstâncias. Aqui está a primeira parte da Declaração. A segunda parte terá de vir no “Comentário Eleison” da próxima semana.
Nosso Senhor Jesus Cristo advertiu-nos que em sua segunda vinda a fé teria quase desaparecido da face da terra (Luc. XVIII,8); deduz-se que, a partir do triunfo da Igreja na Idade Média, ela somente poderia experimentar um grande declínio até o fim do mundo. Três agitações em particular marcaram os estágios deste declínio: o protestantismo, que rechaçou a Igreja no século XVI; o liberalismo, que rechaçou Jesus Cristo no século XVIII; e o comunismo, que rechaçou Deus completamente no século XX.
Entretanto, o pior de todos foi quando esta Revolução por etapas conseguiu penetrar na Igreja, graças ao Concílio Vaticano II (1962–1965). Querendo manter a Igreja em contato com o mundo moderno que tanto havia se afastado dela, o Papa Paulo VI conseguiu que os padres do Concílio adotassem “os valores de 200 anos de cultura liberal” (Cardeal Ratzinger).
O que os padres adotaram foi o tríplice ideal da Revolução francesa, em particular, a liberdade, a igualdade e a fraternidade, sob a tríplice forma de liberdade religiosa, cuja ênfase na dignidade humana implica a elevação do homem acima de Deus; de colegialidade, cuja promoção da democracia mina e nivela toda a autoridade dentro da Igreja; e de ecumenismo, cujo louvor às falsas religiões implica a negação da divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. No transcurso de meio século desde o fim do Vaticano II, as consequências mortais para a Igreja em relação a esta adoção dos “valores” revolucionários se tornaram mais e mais óbvias, culminando em gravíssimos escândalos quase cotidianos que mancham o pontificado do Papa reinante.


Kyrie eleison.

sábado, abril 16, 2016

Comentários Eleison: Visão Errônea

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDLVII (457) - (16 de abril de 2016)


VISÃO ERRÔNEA


Um líder da Fraternidade parece pensar,
Que Roma a fará flutuar. Ela irá afundar!

Pe. Franz Schmidberger, antigo Superior Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X de 1982 a 1994 e atual Reitor do seminário alemão da Fraternidade em Zaitzkofen, Bavária, pôs recentemente em circulação “Considerações sobre a Igreja e sobre a posição da Fraternidade dentro da Igreja”. Enquanto promove firmemente em três páginas a aceitação da Fraternidade de uma Prelazia Pessoal por parte do Papa Francisco, que traria de volta a Fraternidade à Igreja oficial sob o Papa, o Pe. Schmidberger mostra uma compreensão inadequadíssima sobre o problema da Roma conciliar, apenas mencionando o Vaticano II.

Ele inicia apresentando a Igreja Católica como portadora de elementos humanos e falíveis que requereram que o Arcebispo Lefebvre fundasse em 1970 a FSSPX para salvar o sacerdócio, a Missa e o Reinado Social de Cristo Rei. Em 1975, a FSSPX foi condenada pela Igreja oficial, mas prosperou. A consagração de quatro bispos da Fraternidade em 1988 manifestou a contradição entre Roma e a FSSPX, mas o Arcebispo ainda se esforçou, tanto antes como depois, por uma solução. Desde 2000 os romanos, honestos e desonestos, também procuraram por uma solução. Agora, em 2016, eles estão facilitando suas exigências para que a FSSPX aceite o Concílio e a Nova Missa.


COMENTÁRIO: Esta é uma visão relativamente superficial do ataque totalmente radical lançado contra a Fé e a própria Verdade pelos clérigos maçons durante e depois do Vaticano II. Pe. Schmidberger vê apenas clérigos romanos mal orientados, cuja retomada do senso católico pode ser consideravelmente ajudada somente se a FSSPX for oficialmente reconhecida. Ele tem alguma ideia de que é mais provável que a FSSPX se contamine pela lepra da mente modernista do que a cure se se aproximar dela com esses romanos?

Em Segundo lugar, Pe. Schmidberger apresenta meia dúzia de argumentos em favor da aceitação da Prelazia Pessoal. A FSSPX deve readquirir a normalidade. Não deve por seu atual “exílio” perder o sentido de Igreja. As portas se abririam em Roma. A FSSPX precisa urgentemente da permissão de Roma para consagrar mais bispos. Um bom sinal é a ansiedade de alguns modernistas sobre a perspectiva da normalização da FSSPX. E, finalmente, de que outra maneira a presente crise da Igreja pode ser solucionada, se não é pela FSSPX saindo de seu “exílio” e convertendo os romanos?

COMENTÁRIO: A FSSPX converter os romanos? Que ilusão! Novamente, Pe. Schmidberger tem pouca ou nenhuma ideia da profunda perversão do modernismo que enfrenta. Não é “normal” para os católicos se submeterem a modernistas. O “exílio” não significa necessariamente perder o sentido de Igreja. Nenhuma porta importante se abriria em Roma. A Fé não necessita de bispos aprovados por modernistas. Os modernistas ansiosos são ingênuos – os modernistas reais sabem que eles converterão a Fraternidade e não o contrário, uma vez que eles podem fechar a armadilha. E, finalmente, a crise da Igreja certamente não se resolverá por uma FSSPX iludida unindo-se a Roma, mas somente por Deus, cujos braços não são encurtados pela maldade dos homens (Isaías LIX,1).

Finalmente, Pe. Schmidberger responde a algumas objeções: o Papa Francisco pode não ser um bom Papa, mas ele tem a jurisdição para normalizar a FSSPX. A opinião da “Resistência” não importa, já que ela não tem sentido de Igreja e está dividida. A FSSPX não será amordaçada porque Roma “aceitá-la-á como é” (ilusão), nem perderá sua identidade, porque com a ajuda de Deus converterá Roma (ilusão). Nem falhará em resistir, como falharam todas as outras congregações tradicionais que entraram em Roma, porque é Roma que está rogando, enquanto a FSSPX está escolhendo (ilusão), e porque a FSSPX tem bispos resistentes (ilusão), e porque lhe será dada uma Prelazia Pessoal (para trazê-la sob os modernistas).

COMENTÁRIO: Em outras palavras, a armadilha romana estará forrada com almofadas. Que série de ilusões! Pobre FSSPX! Rezemos pela salvação do que ainda pode ser salvo nela.


Kyrie eleison.

quinta-feira, abril 14, 2016

Comentários Eleison: Solução Divina

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDLVI (456) - (09 de abril de 2016)

SOLUÇÃO DIVINA


Ir ao céu em 20 quadradinhos – é pouco!
Todo católico que o recusa é louco!

Os últimos dois artigos destes “Comentários” concluíram que na confusão atual na Igreja Universal, que parte dos papas possuídos por ideais revolucionários, os católicos devem voltar-se a Deus, para Sua própria solução, porque Ele não pode abandonar as almas que não tenham primeiro O abandonado. Essa solução existe, não é complicada, é acessível a todos, garante a eterna salvação, e requer somente um pouco de fé, humildade e esforço. É a Devoção ao Doloroso e Imaculado Coração de Maria pela prática dos Cinco Primeiros Sábados, num espírito de reparação pelos insultos, blasfêmias e ultrajes cometidos contra a Mãe de Deus.

Por que reparação à Bem-aventurada Virgem Maria? Porque Deus, conhecendo desde a eternidade o quão perverso o mundo se tornaria em seu fim, deu à Sua Mãe, como São Luís Maria Grignion de Montfort previu no século XVIII, um papel material especial para desempenhar do levante da Revolução Francesa (1789) em diante. Através do século XIX, ela de fato foi capaz, como por exemplo em Lourdes, de atingir uma multidão de almas que o liberalismo e o cientificismo teriam, por outro lado, condenado. Mas no século XX muitas almas ainda estavam desdenhando de seu cuidado maternal. Assim, como Deus deu à Sua Igreja no século XVII a Devoção ao Seu Sagrado Coração, no século XX Ele deu a Devoção ao Coração Imaculado de Sua Mãe, com a advertência à humanidade de que esta seria Sua última dádiva antes do fim do mundo. E, considerando piores os insultos feitos à Sua Mãe que a Ele mesmo, então o desprezo dos homens pelos esforços especiais dela para salvá-los requereria uma reparação especial.

Ela mesma, de maio a outubro de 1917, em Fátima, Portugal, apresentou seu Coração como o remédio para as doenças da humanidade, que estavam para se tornar piores por causa do estouro da Revolução Russa, no mesmo mês. E, como o mundo se precipitou ladeira abaixo nos anos de 1920, até o ponto (os dias atuais) em que incontáveis católicos se mantêm presos à sua fé somente pelas pontas dos dedos, ela deu a cada alma um meio seguro e fácil de garantir sua salvação eterna, contanto que se desse a um pequeno trabalho, uma vez em sua vida, em nome dela: o de fazer reparação nos cinco primeiros sábados do mês, sucessivamente, pelos ultrajes cometidos contra 1) sua Imaculada Conceição; 2) sua Virgindade perpétua; 3) sua Maternidade universal e espiritual; 4) suas imagens e estátuas e 5) as pequenas crianças que são impedidas de chegar a Ela. Clique aqui para ver o panfleto e mais detalhes.
A oferta da bem-aventurança eternal em troca de um esforço relativamente pequeno é incrível, mas como o panfleto diz, faz sentido. Deus soube desde a eternidade de todo o caos que se fecha sobre nós agora que a Quinta Idade da Igreja está chegando ao seu fim. Estamos perdendo nossa saúde, nossas famílias, nossa liberdade, nossos países, nossos padres, nossos sacramentos, nossa Igreja, e, em breve, muito possivelmente nossas vidas. Nosso mundo está afundando num caos organizado pelos inimigos de Deus para exterminar Seus últimos vestígios. Tudo isso, é claro, Ele sabe, inclusive a crescente dificuldade, até aparentemente impossibilidade, de levar uma vida católica. Assim, Ele nos oferece a garantia de salvação se fizermos apenas um pequeno esforço para fazer reparação à Sua Mãe. Depois disso, poderíamos enlouquecer, ir à prisão, aproximarmos da morte, mesmo perder a fé, mas no momento mesmo de nossa morte temos a promessa de Deus de que Ela estaria lá com todas as graças necessárias para a salvação. Como pode um católico que crê não aceitar esta oferta? Há certamente sacerdotes em todas as partes da Igreja que farão o melhor para ajudar.
Mas o mínimo que podemos fazer, de nossa parte, é preencher exatamente o que o céu pede, notavelmente as cinco distintas intenções de reparação, e é aqui que o panfleto ajuda. Seja pedindo-o em grande quantidade, em papel, ao Fatima Center no Canadá, ou baixando-o, ele apresenta 20 quadradinhos para marcar, para a subida diagonal da tormenta moderna até a calma celestial. As crianças adoram marcar quadradinhos. Não faz mal para os adultos. Todos a bordo rumo ao céu!

Kyrie eleison.


sábado, abril 02, 2016

Comentários Eleison: O Legado do Arcebispo - II



Comentários Eleison - por Dom Williamson

CDLV (455) - (02 de abril de 2016)



O LEGADO DO ARCEBISPO – II



Estrutura, ou não? Onde está a Fé?

Onde quer que ela esteja, ir lá necessário é!


 


Em 2012, os sucessores do Arcebispo à frente de sua Fraternidade Sacerdotal São Pio X, tendo falhado em compreender sua postura fundamental de antepor a Verdade católica à Autoridade católica, alegaram falsamente estar seguindo seu exemplo quando, no Capítulo Geral da Fraternidade daquele verão, se dispuseram a colocar a Autoridade sobre a Verdade ao abrirem as portas para algum acordo político e não doutrinal com os mentirosos de Roma – “O catolicismo é revolucionário” é uma mentira monstruosa. Por anos entre esses sucessores tem-se difundido rumores de que o acordo é iminente, mas Roma os tem onde quer, por culpa deles mesmos, que se expõem para que ela continue extraindo deles concessões como, possivelmente, a desastrosa entrevista de 2 de março concedida pelo Superior Geral a um predador profissional. Roma conciliar nunca se esquece daquilo que a FSSPX parece não querer mais lembrar – que a Tradição Católica e o Vaticano II são absolutamente irreconciliáveis.

Entretanto, o Arcebispo teve discípulos que não se esqueceram disso. Eles estão sob o nome de “Resistência”, a qual, logicamente, é mais um movimento do que uma organização. Apegando-se à Verdade contra a falsa Autoridade, tanto de Roma como, agora, da FSSPX, qualquer autoridade interna entre eles pode, na melhor das hipóteses, ser oferecida por suplência, isto é, como uma autoridade anormal suprida invisivelmente pela Igreja em caso de emergência para a salvação de almas. Mas tal autoridade, pela invisibilidade de sua transmissão (em contraste com as cerimônias visíveis pelas quais muitos tipos de autoridade entre os homens são transmitidas), é muito mais fraca e mais contestável que a autoridade normal na Igreja, que descende sempre, em última instância, do Papa. Assim, a “Resistência” tem a força da Verdade, mas uma fraqueza em relação à Autoridade que é normalmente essencial para proteger a Verdade católica.

Certamente, os católicos resistentes, dentro ou fora da Tradição, têm de levar em conta as muitas consequências dessa separação entre Verdade e Autoridade imposta pelo Vaticano II a toda a Igreja. Estando o Supremo Pastor de Deus extremamente ferido pela loucura conciliar, como não poderiam estar extremamente dispersas as ovelhas de Deus (cf. Zc. XIII, 7; Mt. XXVI, 31)? Para não sofrerem, os católicos teriam de deixar de pertencer à Igreja Católica. É isto o que eles querem? Então, os católicos durante estes tempos não deveriam estar surpresos com traições nem desapontados por divisões. No momento, ao Diabo está sendo dada quase uma via livre para causar divisões (“diabolein”, em grego), e quando os católicos estão todos lutando pela salvação eterna, as divisões são frequentemente amargas. Paciência.

Logo, dos Papas conciliares já não pode haver sangue vital da verdadeira autoridade Católica fluindo para as instituições católicas, e então as pessoas católicas já não podem mais depender das instituições católicas como elas poderiam normalmente fazer. Em vez disso, qualquer uma dessas instituições tem de depender das pessoas para a Verdade, tal como nós vimos a FSSPX depender de Dom Lefebvre. Mas pessoas sem apoio ou controle institucional são sempre propensas a falhar, e então parece imprudente esperar que algum agrupamento de católicos pela Verdade atualmente vá atrair grandes números. Os católicos podem naturalmente aspirar por estrutura, hierarquia, superiores e obediência, mas estes não podem ser fabricados do nada. Seguramente o pouco que resta é a ordem do dia. Paciência.

Para concluir, os católicos que se esforçam para manter a Fé devem aceitar seu bem merecido castigo, renunciar a todas as ilusões e invenções humanas, e implorar em oração para que Deus Todo-Poderoso intervenha. Quando suficientes almas se voltarem para Ele, para a Sua solução em vez das suas próprias, estas reconhecerão que Sua Providência lhes providenciou isso na forma da devoção dos primeiros sábados, em reparação de Sua Mãe. Pois quando suficiente reparação tiver sido feita, Ele dará a seu Vigário na terra a graça de consagrar a Rússia ao Imaculado Coração dela, e, consequentemente, a ordem começará a ser restaurada como Ele prometeu. Para a prática desta devoção, não percam o “Comentário” da próxima semana.



Kyrie eleison.