domingo, janeiro 29, 2017

Comentários Eleison: Aliado Benevolente?

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDXCVIII (498) - (28 de janeiro de 2017):   


ALIADO BENEVOLENTE?


Um bispo do V II deseja o bem aos tradicionalistas?
Mas pode ele ver como o V II leva ao Inferno?

O bispo Athanasius Schneider, nascido na Alemanha, mas atualmente bispo de Astana no Cazaquistão, deu-se a conhecer aos tradicionalistas nos anos recentes pelas suas muitas declarações ao menos aparentemente simpatizantes à Tradição Católica. Por exemplo, no ano passado associou-se publicamente aos questionamentos dos quatro Cardeais sobre a doutrina do Papa Francisco no documento papal, Amoris Laetitia. Quando ele próprio faz tanto para criticar o balanço da Igreja à “esquerda”, pode não entender ou apreciar um ataque pela “direita”, mas é a Verdade que está em jogo, não nossas pequenas personalidades. Vossa Excelência, muito obrigado por ter tido a coragem de ter defendido a verdade abertamente, mas compreenda que a Verdade total é muito mais forte, e mais exigente, do que o senhor pensa. O senhor deu recentemente uma entrevista ao Adelante la Fe. Por favor, não torne pessoal se eu citar (em itálico), algumas de suas respostas e as criticar:

Estou convencido de que nas presentes circunstâncias, Dom Lefebvre aceitaria a proposta canônica de Roma de uma Prelatura Pessoal sem hesitação.

Vossa Excelência, isso é impossível. O Arcebispo Lefebvre acreditou, e provou por argumentos da teologia e da História da Igreja, que o Vaticano II foi uma traição, sem precedentes, da parte das mais altas autoridades na Igreja, a 1900 anos de doutrina imutável desta. Mas a Roma oficial ainda está seguindo aquele Concílio objetivamente traidor. Consequentemente, colocar a FSSPX sob esta Roma seria como colocar a raposa como vigia do galinheiro. O Arcebispo sempre esperou que Roma se corrigisse. Isso ainda não aconteceu.

Dom Lefebvre foi um homem com um profundo “sensus ecclesiae”, ou senso da Igreja.

Isto é verdade, porque, acima de tudo, ele tinha uma compreensão profunda e clara da doutrina católica, ou ensinamento, que está no coração da Igreja. “Ide, ENSINAI a todas as nações”, foi a última instrução de Jesus aos seus Apóstolos (Mt XXVIII, 20). O Vaticano II traiu a doutrina católica, de modo que o próprio senso da Igreja do Arcebispo o fez repudiar esse Concílio. Os conciliaristas de hoje nunca poderão reconstruir a Igreja.

Ele consagrou quatro bispos em 1988 porque estava convencido de que havia um real estado de necessidade.

Foi a crise objetiva que deu origem à convicção subjetiva, e não o contrário. Nosso mundo moderno está mentalmente doente com o subjetivismo. O Arcebispo era um objetivista.

Se a FSSPX permanecer canonicamente independente por muito tempo, seus membros e seguidores perderão o sentido da necessidade de estarem sujeitos ao Papa e acabarão deixando de ser católicos.

O Papa é Papa para “confirmar seus irmãos” na Fé. Veja Lucas XXII, 32. Se ele é um papa conciliar com a sua fé corrompida pelo Vaticano II, não pode mais dar o que não tem. É sujeitando-se aos papas conciliares que inúmeros católicos desde o Concílio têm perdido a verdadeira fé.

Nenhum católico pode escolher a quais papas ele estará ou não sujeito. Deus guia Sua Igreja.

A crise atual na Igreja é inédita, porque nunca antes na história da Igreja houve uma série de papas desalinhados com a verdadeira Fé, como temos visto desde o Vaticano II. Isto significa que os católicos devem – excepcionalmente – julgar seus Papas, bispos e sacerdotes. Deus está purificando Sua Igreja através desta crise, e quando a purificação estiver completa, Ele concederá à Sua Igreja um Papa grande e verdadeiramente católico.

Eu disse a Dom Fellay que nós, em Roma, precisamos da FSSPX na grande batalha pela pureza da Fé.

Vossa Excelência, creia que a Roma Conciliar faria o possível para completar a corrupção da Fé da FSSPX. A FSSPX oficial já deslizou para longe da Fé objetiva do Arcebispo.

Kyrie eleison.



*Traduzido por Cristoph Klug.

domingo, janeiro 22, 2017

Comentários Eleison: Cor, Poesia

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDXCVII (497) - (21 de janeiro de 2017): 

COR, POESIA...


  
Os subúrbios fluem dos centros e os sustentam, e assim é,
Com a cultura em relação à verdadeira Fé.

            "Não se pode viver mais de política, de balanços e de palavras cruzadas. Não se pode viver mais sem poesia, cor, amor" – palavras de Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), aristocrata francês, aviador e escritor, não católico, mas brigando em sua alma contra o materialismo do século XX. Ele disse de si mesmo: "Eu sou um homem varrendo as cinzas, um homem lutando para encontrar as brasas da vida no fundo de uma lareira". E descrevendo em sua memória filosófica Terra dos Homens (1939) uma cena de trabalhadores e suas famílias amontoados em um trem noturno de Paris para Varsóvia, ele escreveu que estava atormentado não por sua condição desolada, mas por "ver um pouco, em cada um desses homens, Mozart assassinado".

            Estas citações vieram à mente depois de uma visita no ano passado à Bertramka, uma vila situada perto do centro de Praga, na República Checa, e que se tornou conhecida no final do século XVIII por receber visitas do famoso compositor Wolfgang Amadeus Mozart. Naquela época, chegava-se à cidade por uma caminhada de meia hora ao longo de estradas rurais, e por um caminho forrado com castanhas-da-índia que dava para o portão diante do pátio da frente, que se abria para um jardim inclinado com canteiros de flores e árvores frutíferas. Hoje, a estrada sombreada deu lugar a um enorme centro comercial e de negócios ao longo de uma rua da cidade com tráfego pesado, que atende apenas aos semáforos. O portão ainda está lá, mas o jardim inclinado tornou-se selvagem, com uma estátua solitária do grande músico e com a mesa de pedra onde se supõe que ele tenha terminado de compor sua ópera mundialmente famosa Don Giovanni. Logo depois ele realizou sua primeira performance no salão de ópera da cidade, ainda em uso. Quanto aos dois quartos ocupados em Bertramka por Mozart, foram preservados fielmente, mais em outubro já não estava ali uma outrora bela coleção de peças de Mozart. Bertramka ainda tem atmosfera, mas muito lá apenas sussurra: "Mozart assassinado".

            Entretanto, a Praga do século XVIII foi muito amável com ele. Em 1786, ao contrário de Viena, deu uma recepção arrebatadora à igualmente popular e famosa ópera As Bodas de Fígaro, como o fez no ano seguinte com Don Giovanni. Quando Mozart morreu em 1791, sua cidade natal, Viena, lhe deu apenas um túmulo de homem pobre, enquanto Praga lhe homenageou com uma Missa de Requiem sumptuosa assistida por milhares de pessoas e interpretada por uma centena de músicos que recusaram qualquer pagamento. Foram os imperadores e nobres católicos que, para restaurar a Boêmia católica após a devastadora guerra religiosa de 30 anos (1618-1648), estabeleceram uma educação musical generalizada para que os jovens boêmios pudessem tocar música nas cerimônias da Igreja. E foi esta educação católica que gerou em Praga um público imediatamente capaz de amar Mozart e sua música.

            Pode-se dizer o mesmo dos católicos de hoje, ou somos também "assassinos de Mozart"? Para Saint-Exupéry, Mozart era de algum modo o oposto do materialismo. Mas quantos tradicionalistas hoje ficam entediados com uma Missa cantada e não podem esperar para voltar aos seus balanços e palavras cruzadas? Infelizmente, muitos dos nossos meninos não se sentem envergonhados de saber cantar? E quanto às nossas meninas… Nossa! Não prefere a maioria delas ser astronautas ou estrelas de voleibol em vez de saber tocar um instrumento musical que possa ajudá-las a civilizar seus maridos, humanizar seus filhos e colocar seu lar em harmonia? Um provérbio alemão diz que os homens fazem a cultura, mas as mulheres transmitem-na. Não é algo suicida para uma sociedade não promover em suas filhas a verdadeira "cultura, poesia e amor" que penetrará profundamente em suas futuras famílias, e, através de suas famílias, na sociedade?

            Quanto a Mozart, ele certamente não é o auge da espiritualidade na música ocidental, e mais tarde em sua vida ele se uniu à Maçonaria, então na moda em Viena. Mas ele é muito mais espiritual do que o mundo dos centros comerciais e semáforos, como Saint-Exupéry bem observou, e certamente não foram os maçons, mas seus pais profundamente católicos que formaram na criança e no jovem o coração católico de onde surgiu toda a espiritualidade da música do adulto. Certamente, a peça mais frequentemente executada de toda a música de Mozart, composta pouco antes de morrer, é seu Ave Verum Corpus, por ser frequentemente interpretada em Missas. E quanto a seu Requiem profundamente católico, ele ainda o estava compondo em seu leito de morte. Que sua alma descanse em paz.

            Kyrie eleison.


sábado, janeiro 14, 2017

Comentários Eleison: Oração Urgente

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDXCVI (496) - (14 de janeiro de 2017):    


ORAÇÃO URGENTE


O mundo de hoje poderia fazer um santo desesperar,
Mas um meio santo sabe como voltar a rezar.

Quando o Titanic começou a afundar em 1912, é bem sabido que os primeiros botes salva-vidas usados não estavam sendo completamente ocupados porque a maioria dos passageiros ainda não havia compreendido seriamente em que condições malfadadas estava o navio atingido. Mas, à medida que toda a verdade foi se tornando amplamente conhecida, cada um dos botes salva-vidas restantes tinha mais pessoas querendo subi-los do que a capacidade deles permitia. Pois bem, o naufrágio do Titanic foi um espelho de Deus mostrando ao mundo moderno seu estado, mas de forma nenhuma todas as pessoas que vivem hoje acreditam nisto, de modo que os barcos salva-vidas da Tradição católica estão sendo esvaziados ao invés de preenchidos. Nem parece que um número suficiente de almas já está percebendo toda a verdade sobre a nossa malfadada condição, e fazendo o que precisa ser feito – rezar urgentemente.

Eis como um amigo da Suíça apresenta a questão: “Em nosso país, como em todos os lugares, cada último vestígio de catolicismo está desaparecendo, e o Valais (outrora um cantão muito católico) não é exceção. Tudo precisa começar de novo e de novo, enquanto os inimigos da Verdade são mais numerosos a cada dia”. Alguém pode dizer que esta descrição não se ajusta à sua própria parte do mundo? Certamente, se ajusta à Inglaterra! Numa pesquisa feita com 1.595 ingleses adultos, entre os dias 18 e 19 de dezembro, somente 28% acredita em Deus, enquanto 38% assumem-se ateus. Há menos de dois anos atrás, os números eram de 32% para os crentes e 33% para os ateus. Está claro que os descrentes estão avançando significativamente. Pobre Inglaterra!

Mas, por que a crença em Deus é tão importante? Santo Tomás de Aquino explica em seu Tratado sobre os Anjos: assim como toda a criação procede por um transbordamento de bondade de Deus, também esta bondade nas criaturas procura fazer seu caminho de volta à Suprema Bondade do Criador, cada uma à sua maneira: vegetais e minerais por uma inclinação natural, animais por uma inclinação sensitiva, homens e anjos mais perfeitamente por uma inclinação intelectiva da mente e do livre-arbítrio (1a, 59,1). Assim, os seres humanos vêm de Deus para retornar a Ele, pelo correto uso de suas mentes, sendo elas “indesculpáveis”, como diz São Paulo, se fingem que não reconhecem Deus em sua criação (Rom. I, 20), e pelo correto uso de seu livre-arbítrio, para escolhê-Lo ao invés de recusá-Lo. Infelizmente, as atrações dos sentidos desviam a maioria dos homens de Deus (1a, 63, 9 ad 1).

No entanto, desviar-se d’Ele não é o que Deus quis para os homens. Cada ser humano que Ele criou, Ele o fez para o Céu (I Tim. II, 4), e para todos os homens Ele deu graças suficientes para O conhecerem, O amarem e irem para o Céu. O Céu é, então, aquilo para o que todo homem foi criado, aceite ele ou não o fato; se o recusa, está cegando-se e pode não compreender o significado da vida. Seguiria daí que todos os líderes em qualquer esfera são, no fim das contas, cegos guiando cegos, enquanto todos os seguidores são cegos seguindo cegos. “Eu sou a luz do mundo”, diz Nosso Senhor Jesus Cristo, “o que me segue não anda nas trevas” (Jo. VIII, 12).

Então, quem recusa seguir Deus, e que dizer de Jesus Cristo e sua Igreja Católica, anda nas trevas, e a preferência obstinada dos “ocidentais” globais por mais e mais trevas está preparando um terrível Castigo, comparável somente ao Dilúvio no tempo de Noé. Assim como os homens haviam “corrompido o seu caminho” demasiadamente (Gen. VI, 12) a ponto de Deus ter de intervir com o Dilúvio para prevenir que todos os homens escolhessem ir para o Inferno, também hoje a corrupção é tão terrível que somente Deus pode interrompê-la.

Mas os homens sempre podem rezar, e a oração continua funcionando como nunca. Por isso é fácil imaginar, entre milhões e milhões de almas voltando-se para Mammon e afastando-se de Deus, como Ele positivamente cuida das cada vez mais escassas almas que se voltam para Ele e as ouve. A hora é de rezar, por meio de sua Mãe, da recitação do Santo Rosário, dos quinze mistérios por dia, se isto é de todo razoavelmente possível.


Kyrie eleison.


Tradução de Leticia Fantin.

domingo, janeiro 08, 2017

Comentários Eleison: "Guerra" Vaticana

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDXCV (495) - (7 de janeiro de 2017): 

"GUERRA" VATICANA


Para o Vaticano Segundo os católicos acordarão?
Certamente antes tarde do que nunca o farão!

Na crise hodierna da Igreja, de uma gravidade sem precedentes em sua história, é muito importante que os católicos deem a devida importância tanto ao movimento tradicional como à Igreja Católica fora do movimento tradicional. A Tradição em seu sentido mais amplo, ou seja, tudo o que Nosso Senhor confiou à Sua Igreja para que fosse transmitido (tradendum em latim) até o fim do mundo, é indispensável para a Igreja, e o movimento tradicional tem desempenhado um papel indispensável em preservar a doutrina tradicional e os sacramentos da destruição pela Revolução Conciliar durante o último meio século. Mas para sobreviver, o movimento tradicional teve de se colocar fora da estrutura eclesiástica normal da Igreja, e essa estrutura é parte em alto grau da Tradição – “Pedro, apascenta minhas ovelhas” (Jo XXI, 17). Portanto, por mais profunda que seja a corrupção conciliar em Roma, os católicos ainda devem olhar para Roma.

Daí o interesse do seguinte relatório do interior de Roma pelo fundador e diretor de uma publicação americana do Novus Ordo, LifeSiteNews. Steve Jalsevac visita Roma normalmente duas vezes por ano com colegas para conversar com todos os tipos de contatos em Roma, para melhor poder avaliar como a situação na Igreja está se desenvolvendo. De sua visita da segunda metade de novembro, ele publicou em 16 de dezembro um relatório “profundamente preocupante” de suas impressões sobre a situação hoje em Roma. Seguem os extratos:

“Nossa visita a Roma de 16 a 23 de novembro foi a mais dramática de muitas dessas viagens a trabalho que fizemos duas vezes por ano durante os últimos 10 anos. Após encontrarmo-nos com cardeais, bispos e outros funcionários da agência vaticana e do dicastério, nosso novo repórter em Roma John-Henry Western, Jan Bentz e eu percebemos um padrão consistente de ansiedade generalizada e medo muito real entre os fiéis servos da Igreja. Nunca havíamos encontrado isso antes. Muitos tinham medo de ser removidos de suas posições, despedidos de seus empregos nas agências do Vaticano ou enfrentar severas reprimendas públicas ou privadas e acusações pessoais daqueles que cercavam o Papa ou mesmo do próprio Francisco. Eles também estão temerosos e ansiosos sobre o grande dano que está sendo causado à Igreja e estando impotentes para ajudar a detê-lo.

“...As universidades católicas em Roma são vigiadas e as aulas dos professores são supervisionadas para garantir que estejam de acordo com a interpretação liberal de Amoris Laetitia. Reportam-se Clérigos aos Superiores se se os ouvem expressando preocupações sobre o Papa Francisco. Muitos têm medo de falar abertamente, embora no passado estivessem sempre muito dispostos a fazê-lo. Repórteres do Vaticano disseram-nos que foram advertidos inúmeras vezes para que não reportassem as dubia (as questões levantadas pelo Cardeal Burke e outros três Cardeais quanto à doutrina contida em Amoris Laetitia). Tenho ouvido relatos de que o Vaticano é como um Estado ocupado. Certas fontes com quem conversei têm um medo de que as comunicações com as autoridades do Vaticano estejam sendo monitoradas; algumas têm relatado até mesmo anomalias suspeitas em suas conversas telefônicas nas quais, quando uma chamada caía, o áudio dos últimos momentos de sua conversa retornava, e outra vez, em um loop, como se eles estivessem ouvindo uma gravação. Alguns indivíduos que trabalham dentro do Vaticano estão aconselhando os seus contatos no exterior para que não compartilhem informações confidenciais via e-mail ou de seus celulares a partir do Vaticano.

“Temos que saber para onde tudo isso está indo. É preocupante, profundamente preocupante. A frase comum que ouvimos naquela semana em Roma é que há uma “guerra” na Igreja – uma guerra dos progressistas do “Espírito do Vaticano II” contra os católicos ortodoxos. Uma pessoa após outra usou alarmantemente a palavra “guerra”. Nunca havia experimentado nada assim em minha vida, e estou certo de que a maioria dos leitores regulares do LifeSiteNews, se não todos, pode dizer a mesma coisa”.

Os Tradicionalistas podem dizer que os quatro Cardeais e o Sr. Jalsevac são vítimas do Vaticano II, acordando um pouco tarde, mas que ninguém diga que eles não querem ou não pretendem ser católicos. A Igreja só será curada quando a verdadeira Doutrina e a verdadeira Hierarquia se reunirem novamente; então, que os tradicionalistas rezarem urgentemente por essas almas que despertam para a guerra conciliar. Que Deus dê a eles luz e força.

Kyrie eleison.


*Tradução de Cristoph Klug

domingo, janeiro 01, 2017

Comentários Eleison: Quinze Países

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDXCIV (494) - (31 de dezembro de 2016): 


 QUINZE PAÍSES

A “Resistência"? Ainda uma dispersão de sementes,
Mas assim têm início os mais poderosos feitos.

O último dia do ano pode ser um bom momento para fazer um levantamento da batalha pela Fé Católica em 15 países diferentes visitados no decorrer do ano-calendário de 2016 pelo autor destes "Comentários". É uma batalha que está sendo travada em condições muito difíceis, porque é claro que a Igreja Católica depende, como qualquer organização, de sua cabeça, e o Papa Francisco deu durante todo o ano a impressão de querer destruir a Igreja tal como ela tem sido por 2.000 anos, e substituí-la com qualquer coisa que agradará às multidões modernas, o que implica a mídia, o que significa os inimigos de Deus. Verdadeiramente "o Pastor está ferido e as ovelhas estão dispersas", o que inclui a Fraternidade Sacerdotal São Pio X; mas vamos dizer melhor como em todo o mundo Deus está levantando os filhos de Abraão das pedras (Mt 3, 9) – e se estes se calassem, as próprias pedras teriam de gritar (Lc 19, 40).

Na Índia, um sacerdote e um seminarista, hoje sacerdote, que pertenciam anteriormente à Fraternidade mantêm atualmente o único priorado e paróquia da Resistência em todo o subcontinente. Que Deus esteja com eles. No Brasil, parece que a consagração episcopal de Dom Tomás de Aquino fortaleceu a defesa da Fé em torno de seu mosteiro. Graças a Deus. O México sempre foi forte na Fé, e agora é a base do excelente site em espanhol, Non Possumus. Na Suíça, um pequeno grupo de leigos está feliz à sombra de Écône por aprender algumas coisas que já não são tão firmemente ensinadas no Seminário de lá, como quando Dom Lefebvre deu tanto a tantos de nós. Nos Estados Unidos, onde a Fraternidade conseguiu replantar a doutrina antiliberal da Igreja em todo o continente, o liberalismo está recuperando terreno perdido, graças à desastrosa mudança de direção da Fraternidade desde a morte do Arcebispo. No entanto, os sacerdotes dos Estados Unidos ainda não deram a última palavra, e o Pe. Zendejas, que era um deles, está bravamente reconstruindo no meio deles.

Outros dois ex-sacerdotes da Fraternidade, o Pe. Chazal e o Pe. Picot, percorrem todo o Extremo Oriente e descem até a Austrália e a Nova Zelândia. Na Coreia, mantém-se uma capela da Resistência na capital, Seul, por uma corajosa médica. No Japão, os católicos foram dizimados pela Segunda Guerra Mundial, pelo Vaticano II e agora pelo deslize da Fraternidade, mas permanecem alguns poucos contatos da Resistência, incluindo um veterano sacerdote japonês. Por outro lado, no país mais católico da Ásia, as Filipinas, o Pe. Chazal tem dezenas de centros de Missa e um seminário que se tornará mais fácil de servir com a recente ordenação sacerdotal do Pe. John, um filipino nativo.

De volta à Europa, a Irlanda tem um novo priorado da Resistência perto de Cork, no sul, e a Polônia tem um grupo de católicos acordando para o perigoso deslize da Fraternidade em direção a Roma, mas eles têm por enquanto apenas um padre polonês idoso. Paciência. Na República Checa há um grupo paralelo de católicos ardentes buscando conversões sacerdotais para a Tradição na Igreja oficial. Sua fé é forte. Na Bélgica há também um grupo forte em uma cidade provinciana que se volta para um bom sacerdote que há muitos anos deixou atrás dele um legado de convicção e piedade católicas. Na Alemanha, a Resistência está demorando a tomar forma devido à obediência instintiva dos alemães à autoridade, mas há agitação. Na Itália também a Resistência é lenta, porque o conservadorismo dos católicos amenizou a Revolução Conciliar em comparação com a forma como ela arrasou em alguns países, mas o Papa Francisco pode mudar tudo isso!

E por último, mas não menos importante, há a França, que é sempre uma líder na Igreja, para o bem ou para o mal (por exemplo, o Arcebispo Lefebvre ou Teilhard de Chardin). Os sacerdotes franceses sempre predominaram dentro da Fraternidade, e agora eles estão predominando na Resistência, e centenas de leigos franceses vêm a conferências regulares sobre as clássicas Encíclicas antiliberais dos Papas pré-Conciliares. Mas a França como um país está no momento se desintegrando, porque os católicos não têm um verdadeiro Papa para uni-los, e os cidadãos não querem que nenhum rei católico os reúna à causa de Deus. Porém, tenhamos paciência, porque Deus levantará a França novamente, e Ele nos levantará com ela.


Kyrie eleison.