segunda-feira, dezembro 31, 2018

Comentários Eleison: O Problema

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXCVIII (598) (29 de dezembro de 2018)




O PROBLEMA


Que alma pode evitar o inferno quando passa a doutrina a rechaçar?
Mas seu feitiço o mundo, a carne e o demônio puseram-se a lançar...



Os caminhos de Deus raramente são caminhos fáceis. Segue um e-mail de um leitor destes “Comentários” que se aprofunda em um ponto levantado frequentemente aqui, mas que não pode ser levantado com muita frequência, porque está no cerne do problema, e representa um perigo para a Fraternidade Sacerdotal São Pio X desde 2012, e que pode consumar-se em um futuro previsível: a degradação da doutrina. Eis o que ele escreve, abreviado e editado como ocorre de costume nestes “Comentários”:
Quando eu penso no giro que vai da doutrina antes da prática para a prática antes da doutrina, dado pela Fraternidade em 2012, que terminou em um acordo secreto com coisas não ditas, mas não menos acordadas, eu acredito que a sede da FSSPX tem-se comportado como os comunistas cuja tática era, na França do pós-guerra, dizer aos católicos: vejam, vocês querem, como nós, ajudar a classe trabalhadora, mas vocês têm a fé, enquanto nós somos ateus. Deixemos de lado as questões de doutrina. Vocês deixam-nos manter nossa ideologia marxista, e não lhes pediremos que abandonem sua fé. Ajamos juntos para aliviar a miséria dos trabalhadores e devolver um pouco de esperança às vítimas da sociedade moderna. E por esse meio, o grande número de sacerdotes obreiros que consentiu em viver como operário de fábrica tornou-se marxista. O motivo foi, como Santo Agostinho disse, que se eu não ajo como penso, acabarei pensando como ajo. Pio XII proibiu que o experimento do sacerdote operário continuasse, mas somente depois que muitos sacerdotes perderam-se em relação ao sacerdócio. E o futuro Paulo VI em Roma e o Arcebispo de Paris rivalizaram entre si para minar essa decisão de Pio XII, porque então eles já acreditavam mais na ação do que na doutrina.
Assim, a Fraternidade em 2012 mudou da doutrina para a ação, e não deixou de produzir frutos amargos. Quando se ouve as pessoas comentarem que Roma não está mais exigindo que a Fraternidade renuncie a nada, isto é pura insensatez. Bento XVI viu claramente o que estava em jogo quando explicou aos modernistas preocupados com a reconciliação entre Roma e a Fraternidade que um acordo prático mudaria tanto o ambiente a ponto de pôr fim às críticas da Fraternidade a Roma sem que fosse necessária mais nenhuma intervenção especial da parte de Roma. O exemplo das congregações tradicionais que desde 1970 fizeram acordos com Roma o demonstra.
O ensinamento dos papas, a voz da razão, a própria experiência, todos poderiam ter sido em vão. E todos esses sacerdotes e leigos formados na Tradição Católica têm agora o mais terrível prejuízo de todos: a mentalidade de alguém que sabe, mas que acha melhor relativizar ou deixar de lado o que sabe.
O que importa agora não é esperar para ver o que Roma vai ou não fazer para deter a Tradição. O verdadeiro inimigo não está fora da Fraternidade. O que importa é entender que, com relação a Roma, ao pretender dela uma normalização, ou reconhecimento, ou regularização (chamem do que quiserem!), a Fraternidade está de fato aceitando os romanos em seu presente estado miserável, e assim comprometendo sua própria integridade. Esse comportamento demonstra que a Fraternidade engoliu o veneno modernista, que, assim como um câncer, está se espalhando dentro ela sem cessar.
Queridos Sacerdotes da Fraternidade, esta excelente análise adverte-os do seu próprio perigo presente e real. O verdadeiro inimigo da Fraternidade não está somente dentro. Está dentro de seus líderes. É a ilusão santarrona de que o contato com os criminosos ou os modernistas iludidos que governam a Igreja em Roma não só não é perigoso, como é positivamente vantajoso para a Igreja Universal. No entanto, se algum desses modernistas encarregados da Igreja de Deus está genuinamente iludido, os senhores podem pensar que Deus não está oferecendo a ele todas as graças necessárias para ver seus frutos como eles são, isto é, a destruição radical de Sua Igreja? Nesse caso, quantos deles podem estar genuinamente iludidos? Nesse caso, que assuntos os líderes dos senhores têm de mesclar e planificar com eles? Deus disse a Ló para sair de Sodoma, e não para que olhasse para trás! Os senhores devem, por sua própria salvação e a de seu rebanho, tomar todas as medidas necessárias para se isolarem da máfia que há não apenas em Roma, mas também em Menzingen, salvo se os rumos mudarem! Que Deus esteja convosco.

Kyrie eleison.


terça-feira, dezembro 25, 2018

Comentários Eleison: Proteção do Coração

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXCVII (597) (22 de dezembro de 2018)




Proteção do Coração

 
Deve-se manter em cada coração um lugar, 
Do qual alegria a ceia de Natal está sempre a propagar.





Eis um relato precioso de como o Natal pode ter protegido o Imaculado Coração de Maria de ser vencido por sua participação íntima na Paixão de seu divino Filho:
 




“A bem-aventurança do êxtase natalino veio sobre mim como a essência de uma flor encerrada no vaso vivo do meu coração para toda vida. Uma alegria indescritível. Humana e sobre-humana. Perfeita.




“Quando meu coração era perfurado todas as noites da vida de meu Filho com a dolorosa lembrança: 'Um dia a menos de espera, um dia mais perto do Calvário', e quando minha alma estava sendo imersa em dor como se uma onda de tortura a tivesse varrido, uma onda antecipada da maré de tormento que me dominou no Gólgota, eu inclinava meu espírito sobre a memória da bem-aventurança da Noite Santa que permanecera viva em meu coração, assim como se inclina sobre um estreito desfiladeiro de montanha para ouvir o eco de uma canção de amor ou para ver à distância a casa de sua alegria. 




“Essa foi a minha força ao longo da vida, especialmente na hora da minha morte mística ao pé da cruz. Deus estava punindo nós dois, eu e meu Filho gentil, pelos pecados de todo um mundo, mas a fim de não dizer a Ele que o castigo era terrível demais e que a mão de Sua Justiça estava sendo colocada pesadamente sobre nós, fui obrigada, através do véu das lágrimas mais amargas já choradas por uma mulher, a fixar meu coração naquela Noite Santa, naquela lembrança luminosa, de bem-aventurança, de santidade, que se alçava diante de mim sobre o Gólgota, como uma visão consoladora de dentro de meu coração para dizer-me o quanto Deus me amou – a visão veio para mim ali sozinha, sem esperar que eu a buscasse, porque era uma alegria sagrada, e tudo que é santo é infundido com amor, e o amor dá a vida mesmo a coisas aparentemente sem vida.




“Eis o que precisamos fazer quando Deus golpear: 




* Recordar os momentos em que Deus nos deu alegria, para que possamos dizer até mesmo em meio ao tormento: “Obrigado, Deus. O Senhor é bom para mim.




* Aceitar ser consolado recordando um presente do passado, para fortalecer-nos em momentos de sofrimento presente, quando somos esmagados ao ponto de desespero, como plantas sendo esmagadas em uma tempestade, para que não nos desesperemos com a bondade de Deus.


 



* Assegurar que nossas alegrias sejam de Deus; em outras palavras, não apenas alegrias humanas fruto de nossa própria escolha e muito facilmente não da de Deus, como é tudo o que fazemos que esteja desconectado de Deus, de Sua Lei e de Sua Vontade divinas. Precisamos buscar alegria somente em Deus.

* Manter em mente a Lei e a Vontade de Deus inclusive para as alegrias do passado, porque uma lembrança que nos estimula a fazer o bem e bendizer a Deus não é condenável; mas antes aconselhado e bendito.

* Fazer brilhar a luz da alegria passada em meio às trevas atuais para tornar estas tão luminosas que, mesmo na noite mais escura, possamos ver a santa Face de Deus. 

* Adoçar um cálice amargo com uma recordação saborosa, de modo a ser capaz de suportar o gosto horrível e de beber o cálice até a última gota.


* Sentir pela preciosa lembrança que valorizamos no coração, a sensação do carinho de Deus, mesmo enquanto os espinhos pressionam nossa fronte.


“Aí estão as sete fontes de felicidade opostas às sete espadas, tal como trespassaram meu Imaculado Coração. Elas compõem a minha lição de Natal para você e, com você, eu faço delas um presente para todos os meus filhos prediletos. Eu abençoo-os a todos.





Kyrie eleison.



Comentários Eleison: Discussões Renovadas? - III

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXCVI (596) (15 de dezembro de 2018)


Discussões Renovadas? – III

"Para cear com o diabo é necessária uma colher comprida":
Que pelos inocentes nem tão cedo será obtida!


Muitos leitores destes “Comentários” podem não contentar-se ao depararem, pela terceira vez consecutiva, com o que podem parecer meras disputas entre sacerdotes, a saber, o encontro de 22 de novembro em Roma entre o cardeal Ladaria e o padre Davide Pagliarani. Mas todo ser humano, católico ou não, deve sofrer eternamente no inferno se não salvar sua alma. Esta só pode-se dar de acordo com a doutrina católica, pelo que a doutrina deve-se manter pura. Desde a década de 1970, a defensora mais ferrenha da doutrina católica contra a confusão do Vaticano II dentro da Igreja Católica foi a Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Mas desde 2012 a Fraternidade também tem vacilado em sua fidelidade a essa doutrina. Portanto, é motivo de preocupação para todo ser humano vivo que as atuais discussões com Roma ponham ou não ponham fim à fidelidade da Fraternidade à Igreja e à doutrina do único Salvador dos homens, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Há duas semanas, estes “Comentários” (EC 594) apresentavam uma visão geral do comunicado de imprensa de 23 de novembro no qual a sede da Fraternidade em Menzingen, na Suíça, descrevia o encontro no dia anterior entre o novo Superior Geral da Fraternidade, o Pe. Davide Pagliarani, e o chefe da Congregação para a Doutrina da Fé de Roma, o Cardeal Ladaria. Há uma semana, os “Comentários” (EC 595) apresentaram o texto completo do terceiro e quarto parágrafos desse comunicado à imprensa, com o lampejo de esperança de que a Fraternidade retorne ao caminho de seu Fundador para defender a doutrina da Fé. Mas quando o quinto parágrafo concluiu que as discussões doutrinais com Roma deveriam ser reabertas, o lampejo se obscureceu, não somente porque as discussões doutrinárias entre Roma e a Fraternidade já haviam sido realizadas entre 2009 e 2011 (EC 594); não apenas porque os neo-modernistas, como os romanos de hoje, não podem pensar com clareza (EC 595); mas também porque Roma tem apenas um propósito na discussão com a Fraternidade, e isso é dar um fim à resistência histórica da Fraternidade à sua própria entrega à Nova Ordem Mundial de Satanás.
Assim, sempre que os comunistas queriam dominar um país, o principal obstáculo em seu caminho era a Igreja Católica, que rejeita totalmente – doutrinalmente – o materialismo ateu dos comunistas. Mas os comunistas aprenderam a não combater os católicos baseando-se na doutrina, onde os fiéis católicos são muito fortes. Em vez disso, convidaram os católicos a unirem-se a eles em uma ação conjunta, supostamente em nome do povo, porque uma vez que católicos e comunistas colaboravam na ação, os comunistas aproveitavam o contato prático para contornar o bloqueio doutrinal. A única coisa que os comunistas não queriam era que os católicos rompessem todo contato. Então eles não tinham mais meios de trabalhar nestes.

Da mesma forma, quando o cardeal Castrillón era o homem de Roma para tratar com a Fraternidade há dez anos, ele usou basicamente a mesma tática: “Vamos primeiro reunir-nos, e resolveremos todos os problemas doutrinais depois, quando estivermos juntos. O mais importante é primeiramente um acordo prático”, disse ele. Pelo contrário, o Arcebispo Lefebvre sempre insistiu que a doutrina católica vinha em primeiro lugar. Seus sucessores pensaram que eram mais espertos do que ele, e muitas vezes buscaram contatar os apóstatas romanos, que estavam, logicamente, muito felizes em ajudar. Como o resultado, a defesa da Fé por parte da Fraternidade tem-se tornado progressivamente debilitada desde o ano 2000. O sal está perdendo seu sabor. A menos que a Fraternidade mude seriamente seu rumo, ela passará a estar apta apenas para ser jogada fora e pisoteada (Mt 5, 13).

Outro problema é se a Fraternidade pretende estabelecer conversações para obter permissão oficial para a consagração da nova geração de Bispos de que precisa para o seu apostolado mundial. Mas se não quiser consagrá-los sem a permissão de Roma, então só pode aceitar os termos de Roma, porque está se tornando o mendigo; e Roma, aquela que decide. Mas assim a Fraternidade está colocando os romanos conciliares firmemente no assento do motorista, ao qual, no que toca à defesa da fé, eles absolutamente não pertencem. Então, o novo Superior Geral está querendo reabrir as discussões para obter uma permissão romana? Deus o sabe. Mas, em todo caso, discutir com Roma significa que o Superior Geral dançará com lobos. Uma ocupação perigosa.

Kyrie eleison.

segunda-feira, dezembro 10, 2018

Comentários Eleison: Discussões Renovadas? - II

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXCV (595) (8 de dezembro de 2018)


DISCUSSÕES RENOVADAS? – II

Se alguém tem uma mente verdadeiramente católica,
Deve fugir do Vaticano II.

O comunicado de imprensa oficial da Sede da Fraternidade Sacerdotal São Pio X publicado há duas semanas, na sexta-feira, referente à reunião realizada no dia anterior entre o Superior Geral da Fraternidade e o Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé de Roma, está repleto de boas palavras. O que resta agora é ver como essas palavras se traduzirão em atos por parte do novo Superior Geral.

O comunicado de imprensa contém sete parágrafos. Os dois primeiros apresentam o Cardeal Ladaria e o Padre Pagliarani com seus respectivos colegas, e afirmam que foi o Cardeal quem convidou o Pe. Pagliarani a Roma para discutir o estado das relações entre Roma e a Fraternidade, já que elas poderiam estar evoluindo desde a eleição do Pe. Pagliarani como novo Superior Geral da Fraternidade no último mês de julho. Os parágrafos terceiro e quarto colocam o problema entre Roma e a Fraternidade exatamente no local ao qual ele pertence: no âmbito da doutrina. Aqui estão eles, em seu texto completo:

(3) Durante a reunião com as autoridades romanas, recordou-se que o problema básico é decerto doutrinal, e que nem Roma nem a Fraternidade podem contorná-lo. Foi devido a essa divergência inflexível de doutrina que nos últimos sete anos toda tentativa de elaborar qualquer declaração de doutrina aceitável para ambos os lados foi frustrada. Eis por que a questão de doutrina permanece sendo absolutamente fundamental. (4) A Santa Sé não está dizendo nada diferente quando declara solenemente que não pode haver estabelecimento de qualquer status jurídico para a Fraternidade até que um documento de caráter doutrinal tenha sido assinado.

No entanto, o quinto parágrafo chega à conclusão de que “Tudo, portanto, leva a Fraternidade a reabrir as discussões teológicas”, sendo seu propósito não tanto o de convencer os romanos, mas o de levar perante a Igreja o intransigente testemunho de Fé da Fraternidade. Os dois últimos parágrafos expressam a confiança da Fraternidade na Providência. Seu futuro está nas mãos de Deus e de Sua Santíssima Mãe. (Fim do comunicado de imprensa.)

Infelizmente, pode-se questionar se é útil ou prudente procurar reabrir as discussões doutrinais com esses romanos. Como um dos quatro representantes da Fraternidade comentou sobre os quatro representantes romanos após a última série de tais discussões realizadas de 2009 a 2011, "Eles estão mentalmente enfermos, mas são eles que têm a autoridade". Este comentário não foi dirigido a alguém em particular, mas testemunha com precisão a incapacidade dos neomodernistas romanos de compreenderem a essência mesma da doutrina católica, a saber, seu caráter objetivo, que não permite nenhuma interferência subjetiva. Deus Todo-Poderoso transmite por Sua Palavra o que Ele quer dizer, e Ele o faz através da Sua Igreja, de modo que não pode haver nenhum sentido em tentar remodelar para os tempos modernos – como o fez o Vaticano II – o que Sua Igreja sempre e imutavelmente disse antes do Vaticano II. Como, então, os romanos de hoje podem ser leais à Igreja de Deus e ao mesmo tempo ao Vaticano II sem que suas mentes estejam repletas de tantas contradições ou tenham uma ideia completamente falsa da Igreja?

Sendo assim, sempre que a Santa Sé emitir um comunicado de imprensa sobre a mesma reunião de 22 de novembro, será interessante ver como os romanos apresentam a perspectiva de uma reabertura das Discussões Doutrinais. Eles certamente querem discussões, com a esperança de atrair o novo Superior Geral para fora de sua fortaleza inexpugnável da doutrina da Igreja, mas a própria doutrina Conciliar deles só pode ser falsa na medida em que se afasta dessa Tradição. E assim os dois grandes argumentos de que dispõem devem ser, como sempre, a autoridade e a unidade, desconsiderando a doutrina. Mas o que é a autoridade católica quando já não serve à Verdade? E o que é a unidade católica se se une em torno de um monte de mentiras escorregadias (o Vaticano II)? Infelizmente, a autoridade e a unidade são as únicas pernas que esses romanos conciliares têm para sustentarem-se.

Portanto, honorável Superior Geral, eis aqui um ato para fazer seus atos corresponderem às suas palavras: por que não tornar público um resumo claro e justo das atas das últimas Discussões Doutrinais de 2009-2011? O senhor estaria apoiando seus bons parágrafos doutrinais de 23 de novembro com um verdadeiro ato doutrinal!

Kyrie eleison.

terça-feira, dezembro 04, 2018

Comentários Eleison: Discussões Renovadas?

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXCIV  (594)  (1º de dezembro de 2018)

DISCUSSÕES RENOVADAS? 


A Fraternidade deve expor suas antigas discussões,
Para que sejam dissipadas tantas ilusões!

O último comunicado de imprensa da sede da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, emitido na semana passada, sobre a reunião realizada no dia anterior entre o Superior Geral da Fraternidade e o chefe da Congregação da Doutrina da Fé, em Roma, suscita um otimismo cauteloso. Cauteloso certamente, porque, como diz o provérbio, “Gato escaldado tem medo (até mesmo) de água fria”, e os católicos tradicionais foram escaldados durante a maior parte dos últimos vinte anos pela política traidora de Menzingen, que colocou a aprovação conciliar acima da fé católica, enquanto fingiu sempre fazer o contrário. No entanto, há espaço para um lampejo de otimismo, porque este comunicado de imprensa põe a doutrina da Fé de volta em primeiro lugar, aquele ao qual ela pertence.

Dois outros provérbios dizem: "Nem tudo o que reluz é ouro", e "As atitudes falam mais do que as palavras". Portanto, os católicos que fazem o melhor que podem para manter a Fé permanecerão cautelosos por algum tempo, mesmo que seja um tempo longo, pelo menos até que possam ver atitudes, e não apenas boas palavras, vindas de Menzingen, especialmente quando a conclusão prática do comunicado de imprensa é que as discussões doutrinais entre Roma e a Fraternidade precisam ser reabertas. Discussões doutrinais? Mas estas já se realizaram, entre 2009 e 2011, tempo suficiente para discutir todas as questões principais, e foram suficientemente claras para mostrar a impossibilidade de qualquer acordo doutrinal entre a Tradição Católica e o Vaticano II. A partir de então, em 2012, Menzingen abandonou a sanidade do Arcebispo Lefebvre: “Nenhum acordo prático SEM um acordo doutrinal”, e substituiu-o com a insanidade de seu sucessor: “Nenhum acordo doutrinal; PORTANTO, um acordo prático", que é justamente o contrário! E essa direção traidora foi docilmente seguida pela grande parte do que outrora fora a Fraternidade do Arcebispo...

Nessa troca entre as duas fórmulas está a essência da traição, que não é uma palavra muito forte, porque a fórmula do Arcebispo coloca a doutrina da Fé na frente da aprovação dos conciliaristas romanos, ao passo que se pode dizer que a segunda fórmula põe a Fé em segundo ou em terceiro lugar. Assim, durante vários anos tem-se podido acusar a Fraternidade de ter perseguido como prioridades, em primeiro lugar, o reconhecimento oficial pela Roma conciliar; em segundo lugar, a unidade dentro da Fraternidade e com Roma; e, em terceiro lugar, a Fé. Mas qual é o valor católico do reconhecimento por não católicos, ou seja, pelos seguidores do Vaticano II, e qual é a utilidade para os católicos da unidade de qualquer aspecto, tamanho ou forma com os conciliaristas? Algo que foi decepcionante em 2012 foi a falta de reação suficiente por parte de tantos sacerdotes formados pelo Arcebispo. Mas todos nós vivemos em um mundo no qual a “doutrinação” se tornou uma palavra suja, e no qual a maioria das pessoas quer em suas cabeças o mingau maçônico que as liberta de todos os Dez Mandamentos...

Não obstante, os católicos que ainda querem ir para o Céu continuam querendo a Fé, porque como Deus Todo-Poderoso nos diz nas Sagradas Escrituras, sem a Fé é impossível agradar-Lhe, e como alguém pode chegar ao seu Céu sem agradar-Lhe (Hebreus XI, 6)? Então, esses católicos, escaldados na apostasia que os envolve, podem ter pelo menos um lampejo de esperança no comunicado de imprensa mencionado acima, porque pelo menos em palavras anuncia a intenção de Menzingen de colocar a doutrina da Fé de volta em primeiro lugar, como estes "Comentários" citarão na próxima semana. (Entretanto, um ato que o novo Superior Geral poderia imediatamente pôr em prática é tornar público um resumo claro e justo das atas das discussões doutrinais de 2009-2011, algo que nos foi prometido na época, e que tornou-se uma promessa jamais cumprida.)

No entanto, o padre Pagliarani terá a visão e a fortaleza para colocar em prática as ações correspondentes às suas palavras? Só o tempo o dirá. Para sermos justos, ele ainda precisa ter tempo para fazer dar a volta um grande petroleiro no mar, e, na opinião destes “Comentários”, ele certamente – ou de qualquer forma – precisa de nossas orações. Que Nossa Senhora esteja com ele se realmente quer assumir a pesada tarefa de endireitar a Fraternidade. Será uma verdadeira batalha!

Kyrie eleison.

segunda-feira, novembro 26, 2018

Comentários Eleison: Desorientação Diabólica

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXCIII  (593)  (24 de novembro de 2018)

DESORIENTAÇÃO DIABÓLICA”


A sinceridade pode enganar, por mais forte que ela seja.

Assim, o meio clerical pode equivocar-se, ainda que bem intencionado esteja.

Desde muito tempo há católicos que têm julgado, especialmente se estão familiarizados com a conspiração judaico-maçônica para destruir a Igreja, que os clérigos que governam a Igreja desde o Vaticano II são verdadeiros criminosos. Mas muitos católicos, devido à caridade e ao respeito pelos sacerdotes tão enraizados neles, têm hesitado em chegar a uma conclusão tão drástica. No entanto, em 2018 os frutos podres do Vaticano II se mostram cada vez mais claramente. Aqui está um testemunho de um sacerdote americano de fora da FSSPX:

É necessário ter uma postura firme sobre a situação dentro da Igreja. As palavras da Irmã Lúcia, “desorientação diabólica”, evocam uma entrevista publicada em 2001 na revista do Vaticano, 30 Dias. O Pe. Gabrielle Amorth, exorcista-chefe do Vaticano na época, comentava o novo rito de exorcismo revisado. Ele afirmou que o novo rito está tão diluído que é virtualmente ineficaz contra o Demônio. A Irmã Lúcia estava certa: eis a “desorientação diabólica”, se esta realmente houve, mas isto se tornou muito pior a partir de 2001. Por que Satanás teria parado por aí? Foi apenas o começo. Por exemplo, há aqueles que dizem que o novo Rito de Ordenação Sacerdotal é inválido, enquanto que o uso do Rito tradicional está proibido. Pelo amor de Deus, por quê? É o plano da Neoigreja privar o mundo de um sacerdócio válido? Como alguém poderia abrir melhor o caminho para o Anticristo? Sem uma forma válida de exorcismo, como o Pe. Amorth afirmou, e sem um sacerdócio válido, não está a humanidade indefesa contra o Demônio? Os que detêm o poder desde o Vaticano II empreenderam um caminho muito rápido e deliberado. Estou completamente convencido disso. A evidência é simplesmente demasiadamente incriminadora. A hierarquia da Igreja não acredita mais que os sacramentos sejam de fato relevantes. Esta é a posição de Lutero, que agora é homenageado com uma estátua no Vaticano pelo atual Pontífice – é uma loucura total! Quanto ao mundo, os Estados Unidos se encontram em um estado de caos. O país está completamente dividido e consumido pelo ódio a tudo o que é reto e justo. Odeia tudo o que provém de Deus e se deleita com a disputa e a fealdade. A Igreja, que antes era um lugar de consolo e paz, parece ter-se tornado irrelevante. A Nova Missa é suficiente para que alguém deseje que todos os novos bispos estivessem mortos! Sinceramente, não penso que a Igreja possa ser restaurada por meios humanos. A influência diabólica é profunda demais, e as verdadeiras intenções do Vaticano II estão-se manifestando agora. Cinquenta anos de lavagem cerebral e de obediência forçada tornaram os católicos cegos, e, o que é ainda pior, indiferentes ao que está acontecendo. O Demônio parece ter tido êxito em destruir aquilo que antes era a Igreja. Dom Lefebvre montou uma operação de resgate, mas agora Satanás pretende infiltrar-se e destruir tudo o que resta da FSSPX do Arcebispo e da Tradição. Lenta mas seguramente o Diabo os está seduzindo, assim como fez com os bispos pré-conciliares. Os dirigentes da Fraternidade podem saber que erraram, mas se insistirem em brincar com fogo, inevitavelmente se queimarão. Assim, pode parecer que o homem governa aqui embaixo na Igreja e no mundo, mas é sem dúvida a influência diabólica que os está conduzindo para a confusão e para a loucura total. As reações céticas da maioria dos católicos me fizeram duvidar em nomear os clérigos como os verdadeiros culpados, mas ninguém pode duvidar mais. Se se aplicam as Escrituras no Apocalipse, então talvez nada se possa fazer para deter a desordem, e somente Cristo restaurará a ordem. Ele diz que restará apenas um remanescente. Kyrie eleison. *Traduzido por Cristoph Klug.




sexta-feira, novembro 23, 2018

Comentários Eleison: Consagração Iminente?

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 Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXCII  (592)  (17 de novembro de 2018)


 CONSAGRAÇÃO IMINENTE?


Como poderá um bispo vir a ter à Igreja e ao mundo agradado?
A cada dia o poder do diabo está mais e mais desfraldado.


Tem circulado na tradição católica um rumor de que em breve haverá na Fraternidade Sacerdotal São Pio X a consagração de um novo bispo ou de novos bispos. Os rumores em geral não precisam ser levados muito a sério, mas, por outro lado, nem sempre carecem de fundamento. No presente caso, a FSSPX certamente precisa de novos bispos, porque Dom Tissier há algum tempo não goza de boa saúde, Dom de Galarreta como Primeiro Assistente da Fraternidade agora deve-se ocupar da administração dos assuntos da Fraternidade em todo o mundo, e isso deixa Dom Fellay só com a completa liberdade de viajar para qualquer lugar para as Confirmações e as Ordenações. Portanto, o rumor de uma nova consagração tem certamente algum fundamento.

Mas ele vai além, porque diz que o(s) bispo(s) que seria(m) consagrado(s) teria(m) a aprovação das autoridades romanas, e aqui é onde vale a pena considerá-lo, mesmo que seja falso, porque aqui está o exemplo mais claro do beco sem saída impossível para o qual a Neofraternidade se encaminhou com sua política de buscar a aprovação oficial das autoridades conciliares em Roma. Pois se o bispo eleito tem a aprovação dos conciliaristas impenitentes, como ele pode ser agradável aos verdadeiros tradicionalistas? E se ele tem a aprovação dos verdadeiros tradicionalistas, como ele pode ao mesmo tempo ser agradável aos mestres do conciliarismo em Roma? E a resposta a essa pergunta só pode ser que os conciliaristas estão desistindo de seu Vaticano II, ou que os tradicionalistas estão indo para o Vaticano II, ou que os conciliaristas e os tradicionalistas estão se encontrando em algum ponto intermediário, como se 2 + 2 = 4 e 2 + 2 = 5 pudessem conciliar-se em 2 + 2 = 4,5.

Por que precisamos de que nos lembrem de que a Tradição Católica e o Vaticano II são intrinsecamente irreconciliáveis? Isto acontece porque nós, pobres seres humanos, estamos sempre querendo ter nosso bolo e comê-lo. Estamos sempre querendo tornar quadrado o círculo, misturar óleo e água, dançar com o Diabo nesta vida sem estragar nossas chances de desfrutar com Deus na próxima vida. Queremos ter as duas coisas, de modo que qualquer receita para reconciliar Deus com o Diabo sempre será vendida como pão quente até que inevitavelmente falhe, e então será imediatamente substituída pela receita seguinte para fazer a mesma coisa. O fracasso é inevitável porque, nas palavras do bispo anglicano Butler, do século XVIII, "as coisas são o que são, suas consequências serão o que serão, por que então tratamos de ser enganados?"

Assim, a Tradição Católica veio de Jesus Cristo, que é Deus, enquanto que o Vaticano II (1962-1965) veio do desejo do homem moderno de combinar a religião de Deus com a modernidade ímpia surgida da Revolução Francesa. Durante o Vaticano II, tanto o Cardeal Suenens à esquerda como o Arcebispo Lefebvre à direita disseram o mesmo, ou seja, que ele foi a Revolução de 1789 dentro da Igreja: liberdade religiosa para libertar os homens de toda verdade do passado, igualdade para derrubar toda a ordem da antiga cristandade, e fraternidade para criar a Nova Ordem Mundial da irmandade maçônica do homem sem Deus. É claro que o Vaticano II fracassou, exceto no propósito secreto de seus criadores judaico-maçônicos de destruir a Igreja de Deus; e como o Deus Todo-Poderoso, para purificar Sua Igreja, ainda está dando poder aos Seus antigos inimigos para flagelá-la, então de modo nenhum eles estão renunciando ao seu Concílio – pelo contrário, as autoridades da Igreja de hoje estão colocando-o em ação mais do que nunca.

Portanto, se as mesmas autoridades aprovam que um bispo eleito venha de dentro da antiga FSSPX tradicionalista, isso só poderá ajudar a dissolver qualquer resistência remanescente dentro da FSSPX para sua Neoigreja maçônica. E se os tradicionalistas aprovarem o bispo eleito que agrada à Neoigreja, isto só pode-se dar porque eles estão perdendo sua fé católica sob a influência esmagadora da apostasia mundial de hoje. “Caveant consules”, diziam os latinos. Que os que estão no comando estejam atentos.

Kyrie eleison.

segunda-feira, novembro 19, 2018

Comentários Eleison: Verdadeiro Herói

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXCI  (591)  (10 de novembro de 2018)


VERDADEIRO HERÓI 

Obrigado Professor, por sua nobre vida.
Descanse agora, depois de batalha tão sórdida.

Em 21 de outubro, faleceu um dos poucos heróis reais dos quais o nosso mundo moderno ainda poderia-se orgulhar, o professor Robert Faurisson, em Vichy, na França. Ele foi um verdadeiro herói, pois se manteve, em um mundo de mentiras, com uma coragem inabalável e uma escrupulosa precisão pela verdade, em um assunto de importância decisiva para toda a humanidade. Ele foi premiado com a perda de seu emprego, com o sofrimento de sua família, com dez ataques pessoais e físicos, um dos quais o deixou para morrer, com isolamento em sua profissão e com uma implacável série de ataques judiciais por parte de seus inimigos amargos, e ainda assim manteve em relação a eles uma constante cortesia e respeito. Este estilo de vida ele conservou por mais de quarenta anos, sem nunca vacilar em seu serviço à verdade.

Ele morreu no campo de batalha, logo ao chegar a casa depois de dar uma última conferência pública que deveria ser seu canto de cisne, em Shepperton, Inglaterra, a cidade em que nasceu há quase noventa anos. Lá ele falou com um amigo da Itália, que nos deixou este relato de sua conversa: “O professor era tão clarividente, tão equilibrado e incólume como sempre, mas estava cansado, muito cansado, tão frágil que parecia quase transparente, com a sensação de que sua tarefa havia sido cumprida. Na verdade, esse bravo super-homem conseguiu tudo o que ele havia pretendido alcançar”. E o amigo prossegue: “Ele deixa para trás uma contribuição imensa para a causa revisionista... Inimigos cheios de ódio tentaram impedi-lo de escrever, de viver, mas ele sempre se reergueu, sem desviar-se por um milímetro sequer de sua busca destemida pela verdade.

Muitos leitores destes “Comentários” sabem o que é o “revisionismo” e por que ele é tão importante para todos os homens, incluindo os católicos. Como disse George Orwell: “A maneira mais eficaz de destruir as pessoas é negar e aniquilar sua compreensão de sua história”. Os revisionistas são historiadores que veem pessoas em todo o mundo sendo destruídas hoje por uma versão falsa de sua história, especialmente da Segunda Guerra Mundial, e então eles fazem o que podem para restaurar a verdade da história. Pois – novamente Orwell – “Quem controla o passado controla o futuro...”, o que significa que quem escreve os livros de história controla o futuro, pela influência que a história tem na mente das pessoas, “...e quem controla o presente controla o passado ”, o que significa que se os mestres da política do momento usam seu poder para controlar os livros de história, então eles controlam o futuro.

Pois bem, as pessoas que detêm o poder mundial hoje sobre a política e a mídia são pessoas que querem a ímpia Nova Ordem Mundial, e elas entendem George Orwell perfeitamente. Por isso fabricaram uma versão extremamente falsa da história da Segunda Guerra Mundial para seguirem com uma religião completamente fabricada para substituir o cristianismo. Ora, se a verdade não importa, e se o Cristianismo também não importa, como tantas pessoas pensam hoje, então elas não têm nenhum problema com a Nova Ordem Mundial assumindo o controle, mas na verdade elas sofrerão como resultado uma tirania mundial, um prelúdio para o Anticristo. No entanto, Soljenítsin, iluminado pelos terríveis setenta e dois anos de sofrimento da Rússia sob o comunismo sem Deus, advertiu contra a construção de uma nação, de um continente ou de um mundo sobre mentiras. Da mesma forma, o professor Faurisson tinha horror de que as pessoas construíssem mentiras, e deu sua vida para restabelecer a verdade. A perseguição que ele sofreu durante décadas por dizer a verdade foi a prova da parte de seus miseráveis ​​inimigos da importância e da eficácia do que ele estava fazendo.

Ele tampouco prometeu a si mesmo qualquer recompensa celestial por sua dedicação à verdade, porque se declarava ateu. No entanto, amava as crianças, agradava-se das bênçãos e nunca as rejeitava. No entanto, como uma irmã sua assinalou, depois de estar diante de uma série de juízes injustos, dentre os quais quase todos se curvavam para a Nova Ordem Mundial, ele foi postar-se diante do Juiz Justo Supremo, Nosso divino Senhor em Pessoa. Como Nosso Senhor o terá julgado? Duas coisas são certas: a primeira é que nada em todo o resto de sua vida terá sido tão remotamente importante quanto esse julgamento, e a segunda é que ele teve um grande mérito para os homens, mas isso não é a mesma coisa que merecer para Deus. Que no último momento ele tenha recebido uma graça especial de conversão não é algo impossível para Deus. Mt 21, 28-29 dá-nos mais do que o direito de esperar e de rezar pelo descanso de sua alma.

Kyrie eleison.

segunda-feira, novembro 05, 2018

Comentários Eleison: T.F.P. Sobre o Liberalismo

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXC  (590)  (3 de novembro de 2018)


T.F.P. SOBRE O LIBERALISMO




Não quererás a Deus? Então, é pelo caos que optarás,
A lei, a ordem, a decência... e o Céu: tu os perderás.


O que quer que tenham sido desde o começo – e ainda o são – as falhas da organização conhecida como T.F.P. (Tradição, Família, Propriedade), é um prazer dizer que ela está atualmente fazendo um bom trabalho nos Estados Unidos. Em uma circular regular (disponível em tfp@tfp.org), ela apresenta frequentemente breves ensaios sobre três pontos importantes para a compreensão de como a Fé Católica precisa funcionar no mundo demoníaco de hoje. Os ensaios não são muito profundos para que os leitores comuns o entendam, mas tampouco são superficiais. Podem não ser infalíveis, mas são reflexivos e cheios de bom senso, e geralmente abordam problemas importantes na Igreja e no mundo atual. Aqui, por exemplo, está um resumo de As Quatro Características da Mente Liberal que estão Destruindo a Sociedade, da carta da T.F.P. americana de cerca de um mês atrás:


O estado fragmentado e polarizado da sociedade atual é prova de que algo deu terrivelmente errado. Os conservadores frequentemente culpam de ruptura os ativistas liberais que trabalham na política e nos meios de comunicação, mas a atividade dissolvente destes liberais vem de toda uma mentalidade liberal, espalhada por toda parte. Quase todo mundo hoje aceita os princípios do liberalismo clássico consagrados na Constituição americana, mas moderados na época pela herança cristã dos Estados Unidos. Com essa herança sendo hoje amplamente repudiada, a total dissolução dos princípios liberais se mostra evidente, como não o era antes. Para ver de onde vem nosso caos, examinemos quatro características da mentalidade liberal.


1. A mente liberal está sempre afastando-se da verdade objetiva. Os liberais querem parecer mais compassivos e bondosos do que os “conservadores sem coração”, e por meio de meias verdades deslizam até o erro que em princípio não abraçaram. Por exemplo, os liberais podem-se opor ao crime em princípio, mas eles o promovem na prática, abrandando os criminosos, devido às supostas injustiças que os criminosos podem ter sofrido.


2. Para substituir a verdade objetiva desagradável e impessoal, a mente liberal está sempre procurando por opiniões subjetivas agradáveis, ou juízos pessoais, para confirmá-las em seu próprio modo de pensar e agir. Um clássico exemplo vem de uma decisão da Suprema Corte Americana de 1992, que justifica o aborto: “No coração da liberdade está o direito de definir nosso próprio conceito de existência, do significado do universo e do mistério da vida humana”.


3. A mente liberal sempre define erroneamente a liberdade como o direito de fazer o que quer que seja. Por essa definição, meros caprichos e fantasias podem finalmente prevalecer. Os liberais, então, duvidarão do que quer que contradiga seus caprichos, mas nunca do que os confirma.


4. A mente liberal está sempre desaprovando regras e leis que considera automaticamente restritivas. Na realidade, a lei consiste em preceitos razoáveis apresentados pela autoridade competente de qualquer sociedade como essenciais para o bem comum dessa sociedade. Mas os liberais se ressentirão mesmo com a roupa ou a gramática se considerarem suas regras restritivas demais! Assim, para substituir o verdadeiro Deus da Justiça, o Deus dos Dez Mandamentos, eles fabricam seu próprio deus, um deus de toda a compaixão, um deus de dez Recomendações.


Em resumo, todas as quatro características estão centradas no eu. Segundo o liberalismo, cada pessoa determina por si mesma o que é verdadeiro e falso, o que é certo e errado. Eis aqui onde a sociedade está ruindo.


Pois, com efeito, o liberalismo enquanto tal não pode criar uma ordem social ou uma sociedade, mas apenas um colapso social. Se sobreviveu até agora, isso é apenas pela sólida ordem cristã que herdou, e da qual ele é a dissolução. Os liberais dependem daquilo que destroem, e destroem aquilo de que dependem. Em 2018 eles estão se aproximando cada vez mais do caos. O liberalismo é intrinsecamente antissocial. Nenhuma sociedade pode estar formada por membros antissociais. O liberalismo só pode tornar as pessoas cada vez mais isoladas, solitárias e frustradas. Ele só pode fazer com que a vida humana se transforme cada vez mais em uma série de confrontos entre indivíduos sacrossantos.


Kyrie eleison


*Traduzido por Cristoph Klug.

quarta-feira, outubro 31, 2018

Comentários Eleison: Segue o deslize

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DLXXXIX  (589)  (27 de outubro de 2018)

SEGUE O DESLIZE

A Neofraternidade não mudou de direção.
Desertar da verdade continua a ser sua intenção.


"Não há inimigos à esquerda" é um ditado clássico de democratas, socialistas, comunistas, etc. Significa que, na política, ninguém que lute à esquerda deve lutar contra outro que lute à esquerda, a menos que este esteja indo para a direita. Na religião deve aplicar-se o mesmo ditado: ninguém que combata a boa luta pela Tradição Católica deve lutar contra qualquer outro que também venha lutando pela Tradição, a menos que esteja no processo de abandonar a Tradição. Isto significa que nenhum católico da Tradição deveria normalmente atacar a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, que por mais de quarenta anos prestou um serviço excepcional à Tradição.

Infelizmente, seu Capítulo interino de 2012 mostrou que ela estava se afastando daquela Tradição na qual foi fundada pelo Arcebispo Lefebvre, e agora o Capítulo eletivo de julho passado parece mostrar que a mesma tendência continua. Portanto, sem intenção aqui de prejudicar a Fraternidade, que os católicos se inteirem que o deslizamento continua oficialmente.

A evidência está em uma carta circular da Sede da Fraternidade em Menzingen, que começa a contar os detalhes das decisões políticas tomadas pelo Capítulo de julho passado sobre as relações da Fraternidade com Roma. A política está em cinco seções, das quais as três primeiras e a quinta contêm uma série de considerações piedosas para enquadrar a quarta seção, o que não poderia ser uma apresentação mais oficial da política da Fraternidade em relação a Roma. Aqui está a quarta seção, citada na íntegra. É tão importante para o futuro imediato da Fraternidade que cada palavra teria sido escolhida pelo Capítulo com cuidado especial, e assim mesmo pode ser analisada:

4a O Superior Geral tem o direito de decidir se é conveniente ter contatos com a Santa Sé. Cabe a ele, com prudência e quando a hora chegar, ditada pela Divina Providência, levar em consideração uma modificação do status canônico, sem prejuízo da prévia convocação de um Capítulo.

4b A Fraternidade é uma obra da Igreja. Portanto, ela não tem acordo nenhum para concluir com o Santo Padre. No entanto, quando chegar o momento, os verdadeiros direitos da Fraternidade serão reconhecidos e codificados canonicamente. É por isso que os membros da Fraternidade são convidados a falar mais especificamente sobre uma “normalização”, um “reconhecimento”, uma “solução ou modificação do status canônico” ou uma “renovação de nossa aprovação canônica”.

Quanto ao 4a: De fato, o Superior Geral da Fraternidade deve decidir quais negociações com Roma servem à Fé e como conduzi-las, mas em todos os Capítulos da Fraternidade anteriores ao de 2012 (1994, 2000, 2006), repetiu-se claramente que qualquer a submissão à Roma oficial, ou reintegração a ela, ou acordo com ela, seria algo de tamanha importância para a Fraternidade, que o Superior Geral não poderia decidir por si só sem um Capítulo Geral completo votando também em seu favor. Agora observem a fraseologia de 2018: “modificação do status canônico” é uma expressão do tipo “mascarar o problema”, para encobrir a intenção de colocar a Fraternidade da Verdade do Arcebispo Lefebvre sob a Autoridade Mentirosa Conciliar de Roma. E "sem prejuízo de" (ou seja, sem excluir) é um substituto pobre para "nunca sem" (ou seja, incluindo necessariamente). E observe a suposição de que o Superior Geral tem a garantia de decidir de acordo com a Providência. Paulo VI tinha alguma garantia desse tipo?

Quanto ao 4b: Na verdade, normalmente nenhum sujeito faz um acordo com seu superior como se fossem iguais, mas a Roma neomodernista não é a Roma normal! A Fraternidade da Verdade do Arcebispo não tem motivo para colocar-se na posição de mendigo em relação aos modernistas que agora ocupam cargos em Roma. A verdade não implora por mentiras, a menos que esteja deixando de ser verdade. De fato, a Neofraternidade de 2018 perdeu toda compreensão real sobre a verdade da esmagadora crise na Nova Igreja do Vaticano II, e está perdendo seu controle sobre a Verdade em geral. Assim, as quatro expressões para “mascarar o problema” que o Capítulo aqui escolhe para substituir as palavras que expressam a realidade da intenção da liderança da Neofraternidade de vender-se para os inimigos da Fé agora em Roma, estão completamente fora de lugar. Elas absolutamente não correspondem à realidade dessa entrega. 

Kyrie eleison.

* Traduzido por Leticia Fantin

quinta-feira, outubro 25, 2018

Comentários Eleison: "Resistência" Atuando?

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DLXXXVIII (588)  (20 de outubro de 2018)

RESISTÊNCIA”  ATUANDO?

Se na tempestade forem atirados, contem as graças recebidas.
Especialmente quando elas podem ser perdidas.

Desta vez é uma avó que escreve para os “Comentários Eleison” com uma preocupação que é amplamente compartilhada entre leitores e amigos que simpatizam em geral com os objetivos do movimento “Resistência”, mas se perguntam o que esta realmente estaria fazendo hoje para ajudar sua situação. Aqui está seu pedido, um pouco resumido:

Estou muito desapontada com a falta de liderança que está sendo mostrada hoje na Fraternidade e na Resistência. Apoiamos a Resistência, mas não ouvimos nada sobre o que ela está fazendo. O senhor recentemente consagrou três Bispos, mas qual é a função deles? O que eles estão fazendo para dar algum consolo e esperança aos fiéis? Nós também não ouvimos nada sobre eles. Não podem formar algum tipo de oposição à Fraternidade, junto com alguns sacerdotes muito firmes que deixaram a Fraternidade? Certamente Deus está buscando por algo mais do que apenas orações. Há anos Ele suscitou o Arcebispo para proteger Sua Igreja. Ele agora haverá de abandonar seus seguidores fiéis? Eu acho que muitos católicos tradicionais estão desesperadamente procurando por alguma liderança forte hoje, seja na Fraternidade ou na Resistência.

Cara Avó,
Permita-me começar a responder com um episódio famoso da história romana antes de Cristo. Em 216 a.C., o exército romano, normalmente imbatível, foi lutar contra os cartagineses liderados por Aníbal, que haviam invadido a Itália e estavam ameaçando a própria cidade de Roma. Mas na batalha de Canas, no sul da Itália, os romanos se deixaram manobrar e cercar por Aníbal, de modo que foram massacrados pelos cartagineses. Houve consternação em Roma. O que eles deveriam fazer? Alguns romanos queriam levantar outro exército e ir atrás de Aníbal novamente, mas o conselho do cônsul Fábio era evitar a batalha, se possível, e, ao invés, manter vigilância atenta sobre o inimigo, esperando até o momento em que ele retornasse para casa por conta própria. O conselho foi bom e foi seguido. Por fim, os cartagineses foram para casa, onde seu exército foi esmagado pelos romanos quatorze anos mais tarde. “Fábio, o Protelador” havia vencido.

Nenhuma comparação funciona perfeitamente. Assim, depois da derrota esmagadora da Igreja no Vaticano II (1962-1965), alguém diria que o Arcebispo Lefebvre errou ao suscitar, alguns anos depois, o exército que pôde para continuar lutando contra os modernistas? Certamente não. Mas o Vaticano II foi uma grande batalha que deixou bons soldados dispersos para que o Arcebispo pudesse reuni-los em um pequeno exército nos anos de 1970. Pelo contrário, a derrota daquele exército a partir de 2012 foi uma derrota numericamente pequena, deixando muito menos soldados dispersos para lutar. A estratégia poderia ser a mesma das décadas de 1970 e 1980? Certamente não. Por um lado, os soldados de agora, muitas vezes filhos dos revolucionários anos de 1960 ou posteriores, tinham muito menos sentido de obediência ou de uma Igreja ou um mundo ordenado do que os católicos dispersos após o Concílio. Quem pode negar que os anos de 2010 são muito mais desordenados e indisciplinados do que os anos de 1970? Pode-se perguntar se o Arcebispo, com todos os seus dons, poderia ou teria montado uma “Contrafraternidade” hoje. Talvez sim, talvez não...

Os quatro bispos do movimento “Resistência” fazem o que podem, cada um em sua própria parte do mundo, para proporcionar aos poucos católicos que desejam conservar a fé rações de ferro de sã doutrina e orientação à disposição de todos os interessados, juntamente com os sacramentos episcopais. Essa é uma conquista mínima, nem glamourosa nem sensacional, mas pode ser o essencial necessário. Se for, que Deus nos mantenha fiéis.

Kyrie eleison.

*Traduzido por Leticia Fantin.

segunda-feira, outubro 15, 2018

Comentários Eleison: Feminilidade Inestimável - II

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DLXXXVII (587)  (13 de outubro de 2018)


 FEMINILIDADE INESTIMÁVEL  – II


Para crescer, precisa de um caule forte o tomateiro, 
Para amarem suas mulheres, homens, voltem-se para Deus primeiro!

A feminilidade da mulher está hoje sob ataque feroz, e não é difícil descobrir a causa. Satanás quer o poder total sobre a humanidade para assegurar-se de que cada alma caia no inferno. Ora, o caminho que o Deus Todo-Poderoso traçou para os seres humanos irem para o Céu é por seu nascimento dentro de uma família humana normal, na qual o que hoje chamamos “pai biológico” e “mãe biológica” cuidam do fruto de seu amor mútuo: seus próprios filhos. O Dr. Henry Makow retoma a história dos “Comentários Eleison” da semana passada focando nos satanistas.

“Os judeus cabalistas e os maçons são satanistas. Controlam degradando e corrompendo. Como os cupins, eles comem as colunas de apoio da sociedade. A família é o glóbulo vermelho de uma sociedade sadia. Ela fornece-nos nossos papéis e identidade, bem como o apoio emocional e material necessário. Garante que os jovens nasçam, sejam amados e criados adequadamente, e que os idosos sejam cuidados. Nossa família é nosso elo na cadeia da eternidade. Então os satanistas sempre quiseram destruí-la. Eles foram atrás das mulheres, das que consideraram inconstantes, vaidosas e de mente débil. ‘Não há como influenciar os homens tão poderosamente como por meio das mulheres’, escreveu Adam Weishaupt. ‘Portanto, estas deveriam ser nosso estudo principal; deveríamos nos insinuar em sua boa opinião, dar-lhes indicações para emanciparem-se da tirania da opinião pública e erguerem-se por si mesmas; será um imenso alívio para suas mentes escravizadas se libertarem de qualquer laço de restrição, e isso as incendiará ainda mais, fazendo com que trabalhem para nós com zelo, sem saberem que o fazem; pois estarão apenas satisfazendo seu próprio desejo de admiração pessoal’.

“Então, os Satanistas convenceram as mulheres de que o matrimônio e a família eram ‘opressivos’. Os homens podem ter trabalhado duro em fábricas e morrido em guerra para prover e proteger as suas mulheres, mas de alguma forma as mulheres é que eram oprimidas. Os satanistas precisavam interferir no afeto e na atração natural que os machos e as fêmeas têm um pelo outro e por seus descendentes. Os satanistas existem para banir o amor. A essência de uma mulher é o amor, o poder de gerar amor, amando e sendo amada em troca. Esta é a fonte de seu poder. O amor de uma mulher por seu marido e filhos é a coisa mais preciosa do mundo. Para um homem, esse amor é seu maior tesouro. Ao deixar-se enganar, ao buscar o poder material em vez do espiritual, a mulher moderna perdeu essencialmente o poder de amar. Ela pode ter poder ou amor. Ela não pode ter a ambos. As mulheres precisam do amor de um homem como uma flor precisa de sol e água. Os homens nutrem as mulheres e as mulheres empoderam os homens, aquiescendo às suas exigências razoáveis. Essa é a dinâmica heterossexual...

“Mas isso é o que é condenado como a exploração da mulher (a “erotização da impotência”) por, por exemplo, uma Sheila Jeffreys, conhecida como erudita feminista lésbica e ativista política. Obviamente, ela não pode entender que o amor da mulher é o seu verdadeiro poder. Ela quer transformar todas as mulheres em lésbicas que, como ela, não conseguem entender que o estilo, a beleza e o encanto da mulher, em resumo, sua feminilidade, dependem de que evitem o poder material. Uma mulher que se entrega ao marido é amada, e amada por ele e por seus filhos. Uma mulher que busca poder como o faz o sexo masculino está condenada a uma vida de isolamento e amargura.

“Feministas ocidentais, vocês perderam seu presente mais precioso por nada. Vocês são vulgares, um verdadeiro fracasso. Vocês não têm personalidade, encanto, estilo, substância. Vocês não podem amar. Nem sequer são atraentes. E logo vocês perderão sua juventude. Não terão nada além de seu trabalho, seus cachorros e suas amigas igualmente desesperadas. Feministas ocidentais, vocês foram roubadas, traídas por sua sociedade, professores e líderes políticos e culturais; e consequentemente vocês se uniram às fileiras de seus traidores. Vocês traíram seus filhos não nascidos, sua cultura, sua família e a promessa do futuro. Mas o pior de tudo é que vocês traíram a si mesmas” (fim da citação de Makow).
                                                                                                                           
Kyrie eleison.

*Traduzido por Cristoph Klug.